Laudos mostram que polícia atirou contra cabeça e peito

Dos mortos pela polícia de São Paulo entre os dias 12 e 20 de maio, 94% foram atingidos por tiros na cabeça e no peito.

A comissão independente que apura as ações da polícia no período acredita que este seja mais um indício de abuso policial. De acordo com levantamento do Ministério Público, 126 pessoas morreram em confrontos com a polícia paulista durante a crise. Segundo laudos necroscópicos do Instituto Médico-Legal (IML) sobre 122 dos mortos, 25 (20,5%) receberam tiros na cabeça – média de um em cada cinco mortos.
Em pelo menos três casos, o disparo foi feito por trás e atingiu a nuca da vítima. Dos 122, 90 (73,7%) foram atingidos por tiros no peito, nas proximidades da região mamária. "Esses números mostram que, por detrás dos chamados casos de resistência seguida de morte, ocorreram execuções sumárias. Se a preocupação da polícia fosse uma ação repressiva e preventiva, os tiros deveriam ser, na maioria, em locais não-vitais", afirmou Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos Humanos.
Lúcio França, da comissão de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, também afirmou que a localização dos tiros revela um indício de abuso policial. "Tiros no abdômen e nas pernas podem até matar, mas mostram que houve pelo menos uma intenção de evitar a morte", disse França.

Com informações do
jornal Folha de S. Paulo