Indústria deve se recuperar e garantir PIB melhor no 2º semestre

A mesma indústria que contribuiu para abater a economia brasileira no segundo trimestre deve acelerar na segunda metade deste ano. Segundo economistas, os estímulos para a indústria no segundo semestre vão de impacto do salário mínimo sobre uma demanda

O mercado projeta para a produção industrial alta entre 0,8 e 1,0 por cento em julho sobre o mês anterior, após a queda de 1,7 por cento em junho. Para alguns economistas, é a indústria que deve puxar a economia daqui para a frente.


 


“A gente acredita que o terceiro trimestre venha com um crescimento de PIB maior, puxado pelo PIB da indústria… A perspectiva é de um quarto trimestre mais ou menos reproduzindo o terceiro”, afirmou Carlos Cavalcanti, economista do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).


 


“As razões (da aceleração) estão associadas ao fato de que a política econômica tem sido favorável ao crescimento e não há nenhum sinal que nos indique que possa ter uma reversão abrupta do comportamento da economia mundial”, acrescentou Cavalcanti. Analistas lembram que a queda da taxa básica de juros começa a ter impacto sobre a economia em seis a nove meses. Como o Banco Central começou a cortar a Selic em setembro de 2005, o efeito começou a ser sentido na virada do semestre.


 


“O que motivará a economia é a redução da taxa Selic ao longo dos últimos meses, cujo impacto se inicia agora e será mais intenso mais para frente”, reiterou Pedro Raffy, professor de economia brasileira da Trevisan Escola de Negócios.


 


Sazonalidade e consumo forte


 


Outro ponto citado pelos analistas para apostar em uma aceleração da economia na segunda metade do ano é a sazonalidade. O terceiro trimestre é quando a indústria produz mais para atender as encomendas do varejo para o Natal. No quarto trimestre é a vez de o comércio se beneficiar das festas de fim de ano. Segundo os analistas, pelo lado da demanda há motivos para a indústria ficar otimista. Além da queda do juro, que auxilia o consumo, o brasileiro conta com uma renda maior e com uma economia estável neste ano –o que favorece a previsão do futuro e o humor.


 


“Você teve uma inflação em desaceleração em maio e junho, o que gerou um ganho de renda que está sendo alavancada também pelo salário mínimo, cujo impacto se concentra no final do segundo trimestre e início do terceiro”, comentou João Carlos Gomes, economista da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ).


 


Ele lembrou ainda que a expectativa do consumidor favorece o semestre. Uma pesquisa da entidade apontou que em julho a expectativa foi a maior de toda a série histórica, iniciada em 2000, e que a intenção de compra nos próximos seis meses melhorou.


 


Fonte: Reuters