Sucessão na Câmara tem mais duas semanas de campanha
O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), trabalha, com resistência, para recuperar o terreno perdido para o petista Arlindo Chinaglia (SP) na disputa pela presidência da Câmara. Nos próximos dias, Rebelo enviará aos demais parlamentares uma carta com propost
Publicado 15/01/2007 15:53
Nos bastidores, Aldo Rebelo garante que não irá renunciar e nem está seduzido pela proposta de ganhar um ministério. A campanha ainda não terminou e os dois candidatos têm mais duas semanas pela frente até a eleição, no dia 1o de fevereiro.
Não está descartada a hipótese de um segundo turno. Num cenário de unidade partidária, os apoios obtidos até o momento já seriam suficientes para garantir a eleição de Chinaglia, superando em mais de dez votos o mínimo exigido pelo regimento. A votação, contudo, ocorre em regime secreto e inviabiliza qualquer controle partidário sobre o voto dos parlamentares.
Nesta semana, o PSDB deverá discutir sua posição no processo sucessório da Câmara. Boa parte da bancada do partido se reunirá nesta terça-feira (16), em Brasília, para rever o apoio à candidatura do petista Arlindo Chinaglia, anunciado na semana passada. O apoio à candidatura de Chinaglia recebe o aval dos governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, mas contraria outros líderes, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o presidente do Partido, Tasso Jeressati (CE) e o senador Artur Virgílio (AM).
O apoio à candidatura do PT, anunciado pelo líder tucano, Jutahy Junior (BA), foi motivado pela garantia de que os tucanos ganharão a vice-presidência da Câmara e os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, terão o comando das respectivas assembléias legislativas. O mesmo cargo seria garantido ao PSDB, na Bahia, governada pelo petista Jaques Wagner.
Salto alto
No governo, considera-se improvável uma derrota do candidato petista. Os que trabalham para a candidatura petista avaliam o cenário da semana passada como o melhor possível: o racha no PSDB e o estado de inanição de uma candidatura oposicionista.
Para esses políticos, a ação movida pela procuradoria da república do Distrito Federal contra o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), um dos principais articuladores do movimento dos 30 parlamentares que defendem uma Terceira Via, torna improvável a articulação.
Jungmann marcou para esta segunda-feira uma entrevista coletiva para apresentar a defesa à acusação de que desviou verbas públicas quando ocupou a pasta do Desenvolvimento Agrário, no governo Fernando Henrique. Apesar da baixa, está mantida para a terça-feira (16) a indicação do terceiro nome.
O deputado considera estranho que a apresentação da denúncia pelo Ministério Público tenha sido feita agora, num momento em que ele atua como um dos líderes do movimento que pretende apresentar um terceiro candidato à presidência da Câmara.
Terceira via
Esta semana espera-se também uma definição sobre o lançamento de uma terceira candidatura. Além de Aldo e Arlindo, outros nomes estão cotados para entrar na disputa, e uma atenção especial vem sendo dedicada ao deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Integrante do grupo de dissidentes, que defende a terceira candidatura, o deputado já admite a possibilidade de concorrer à presidência da Câmara, mas defende uma campanha com alguma viabilidade. A idéia inicial é mobilizar ao menos 15% dos votos da Câmara nesse primeiro momento – 75 dos 513 deputados – para então iniciar a articulação de uma aliança mais ampla.
A candidatura, se confirmada, contaria com os apoios do PPS, PV e PSOL, que reúnem cerca de 40 votos. Fruet aposta também em 20 votos de seu partido. O restante seria negociado com o PFL e parte dissidente do PMDB. Ele não tem pretensão de definir a disputa em primeiro turno, mas quer aproveitar o espaço aberto pela divisão governista e forçar um segundo turno numa candidatura anti-petista, negociando apoio com o grupo de Aldo Rebelo.
Outros cargos
Além das negociações em torno da presidência da Câmara dos Deputados, a disputa pelos demais cargos da Mesa também movimenta os bastidores do Congresso Nacional. A vice-presidência da Casa, por exemplo, foi fundamental para assegurar o apoio do PSDB à candidatura de Chinaglia, que em troca apoiará o deputado Nárcio Rodrigues, afilhado político do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, para ocupar o cargo.
Outro posto cobiçado é o de primeiro-secretário, responsável pela criação de cargos e pela definição de obras e licitações. As indicações mais recentes apontam o nome de Wilson Santiago, do PMDB, mas o deputado Inocêncio Oliveira, do PL, também está na disputa. Ao todo, a Mesa da Câmara dispõe de onze vagas, sendo sete para titulares e quatro para suplentes.
Todas os cargos são decididos no voto, mas as indicações obedecem ao critério da proporcionalidade.
De Brasília
Márcia Xavier
Com agências