Bienal da UNE começa exaltando “África verde-e-amarela”
A 5ª Bienal de Arte, Ciência e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE) recebeu mais de 3.500 pessoas, sábado (27/01), na cidade do Rio de Janeiro (RJ) para a abertura do evento. O espetáculo se iniciou com a apresentação de grupos de jongo, berimba
Publicado 29/01/2007 16:46
Já o segundo dia (28/01) foi marcado pela abertura das mostras universitárias. Foram 1.304 trabalhos inscritos de todo país, sendo mais de 200 os projetos selecionados nas áreas de Artes Cênicas, Ciência e Tecnologia, Literatura, Cinema e Vídeo, Música e Artes Visuais. “O recorde de trabalhos inscritos que obteve a 5º Bienal é, em grande parte, fruto do intenso trabalho dos Centros de Cultura e Arte (Cuca) da UNE”, disse Tiago Alves, coordenador-geral do festival.
Com o tema “Brasil-África: um Rio chamado Atlântico”, um dos principais objetivos desta edição da Bienal é exaltar a “África verde-e-amarela”. No sábado, o som dos tambores africanos ganhou esses na Fundição Progresso – QG da Bienal.
O Jongo do Quilombo São José arrastou centenas de estudantes da rua para o Espaço Angola, palco que deu início ao festival. Já o Rio Maracatu, no desenho de suas saias floridas, trouxe para o chão da Fundição a marcação do ritmo do carnaval pernambucano. A Orquestra de Berimbau emanou religiosidade e resistência do povo negro.
O público foi recepcionado por uma instalação com imagens de santos católicos difundidos entre mitos de deuses africanos, entre outros símbolos do sincretismo da religiosidade e da cultura afro-brasileira. A instalação se soma ao tema da 5ª Bienal.
Parabéns para a UNE
A entrada do Ylê Aye, segundo bloco afro mais antigo de Salvador, trouxe a tradição do carnaval baiano para o Rio. Com mais de 20 músicos de diversos instrumentos e bailarinas, o Ylê mostrou que a cultura afro-brasileira está a cada dia mais viva e repleta de beleza.
Durante o espetáculo o Ylê Aye cantou músicas já consagradas pelo público de todo Brasil. Refrões como “quero ver você, Ylê Aye, passar por aqui” relembraram momentos históricos do bloco. O “parabéns a você” para a UNE – que neste ano completa 70 anos – foi entoado por todos os integrantes do grupo e emocionou os estudantes no primeiro dia da Bienal.
A primeira-dama do samba, Dona Ivone Lara, encerrou a abertura da Bienal. O público foi embalado por seu samba elegante até as 3 horas da manhã. Emocionada, ela declarou que “a juventude é o presente”. “Vocês é que estão agora ajudando a transformar a realidade do povo negro e do povo brasileiro aqui.”
Mostras
As mostras universitárias também surpreenderam. Os selecionados passaram por uma curadoria especializada que contou com artistas, professores, jornalistas e pesquisadores do rio de Janeiro, cidade sede da bienal. Avaliaram os projetos representantes do Instituto de Artes da UERJ, do museu de Arte Moderna do Rio (MAM), do Jornal “O Globo”, da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e de outras instituições.
“As mostras da Bienal são uma valiosa oportunidade de articular e dar visibilidade à produção cultural e científica geralmente dispersa das universidades”, avalia o diretor da UNE, Gustavo Viana. Para ele, além da quantidade – expressa no aumento significativo das inscrições -, a Bienal ganhou também em qualidade. “Todos poderão conferir o melhor da produção feita pelos estudantes nos últimos anos.”