Somente bloco de esquerda deve sobreviver após eleição
A Câmara dos Deputados foi palco hoje de uma briga inédita pelos principais cargos da Casa. Dos 20 partidos com representação, apenas quatro não se juntaram a outras legendas para obter maioria na divisão de espaços. O rearranjo foi somente para distribui
Publicado 31/01/2007 16:08
A Câmara dos Deputados foi palco hoje de uma briga inédita pelos principais cargos da Casa. Dos 20 partidos com representação, apenas quatro não se juntaram a outras legendas para obter maioria na divisão de espaços.
Ao todo, 494 dos 513 deputados reuniram-se em três diferentes blocos, num movimento para garantir os cargos preferencias na Mesa Diretora e em comissões permanentes. Os blocos registrados foram: PSB, PCdoB, PDT, PAN e PMN; PMDB, PT, PTB, PP, PR, PSC, PTdoB e PTC; PSDB, PFL e PPS.
Os blocos podem se desfazer a qualquer momento. O rearranjo foi somente para distribuição de cargos, devendo deixar de existir após a eleição da Câmara, amanhã. Para o deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE), apenas o bloco da esquerda (PSB, PCdoB, PDT, PAN e PMN) vai permanecer após a eleição.
O super-bloco, liderado pelo PMDB e PT, soma 273 parlamentares e sinaliza maioria absoluta do governo na Casa. Com esse número, só não é possível aprovar emendas constitucionais, que exige um quórum de, pelo menos, 308 votos favoráveis.
“Praticamente a Câmara inteira se formou em três blocos. É a primeira vez que isso acontece. Um bloco, inclusive, tem a maioria absoluta da Casa. Isso, em tese, sinaliza uma vantagem inicial para o governo nas decisões da Câmara”, avaliou o secretário-geral da Mesa, Mozart Vianna.
A corrida para ver quem seria o grupo parlamentar mais expressivo durou até o meio-dia desta quarta-feira e provocou um movimento inédito na história recente da Casa. Legendas sem nenhuma afinidade ideológica posavam para fotos como se fossem um único partido, sem divergências.
“Que bagunça! Tudo isso por cargos? São blocos vocacionados por poder, não por política”, questionou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Apenas PSOL, PV, PRB e PHS não fizeram bloco. Este último, com dois deputados, havia formado um, mas foi obrigada a se desligar por falta de assinaturas.
Apesar da mistura, a formação dos blocos não altera, inicialmente, o conjunto de apoios dados aos três candidatos que disputam a presidência da Câmara. O primeiro gru po formado tem como núcleo a esquerda brasileira, sem o PT. Compõem o bloco PSB, PDT, PCdoB, PMN e PAN, totalizando 68 parlamentares. A conta dá ao partido o direito de indicar apenas dois dos quatro suplentes na Mesa Diretora. O bloco ganhou, porém, o direito de controlar três das 20 comissões permanentes da Casa. Juntos, eles apóiam a candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Como reação a este bloco, PMDB e PT decidiram juntar-se e incluir outras seis legendas (PR, PTdoB, PP, PTB, PSC, PTC). Pelo tamanho, ganhou a prerrogativa de escolher cinco das sete vagas titulares da Mesa Diretor a, uma suplência e o comando de 11 comissões. O bloco trabalha para eleger o petista Arlindo Chinaglia (SP) como presidente da Casa.
A oposição, PSDB e PFL, com o PPS, também foi obrigada a se unir para não ficar sem cargos. O grupo agrega 153 deputados, com direito às outras duas vagas titulares na Mesa e uma suplência e o controle de seis comissões permanentes. O PFL, no entanto, está com Aldo, enquanto PSDB e PPS apóiam o tucano Gustavo Fruet (PR).
“Isso gera um desacerto extraordinário. Isso tudo começou com a violação da proporcionalidade”, avaliou o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), reclamando da iniciativa do PSB, PCdoB e PDT em formarem o bloco. “Fizemos isso em legítima defesa”, disse o deputado Ricardo Barros (PP-PR), do mesmo bloco de Temer.
Fonte: Reuters