Itália indicia 31 pessoas envolvidas com a CIA em seqüestro

Cinco italianos teriam trabalhado em conjunto com 26 americanos para seqüestrar o religioso egípcio Osama Mustafa Hassan Nasr, em Milão, em fevereiro de 2003. Nasr foi levado para o Egito, onde foi torturado.

Um juiz de Milão indiciou nesta sexta-feira (16/2), 26 cidadãos americanos e cinco italianos pela detenção clandestina de alegados “terroristas” em território italiano. A ação foi executada pela CIA, a agência de espionagem americana. Este é o primeiro processo judicial desse tipo na Itália.


 


O juiz marcou o julgamento para 8 de junho. Os promotores alegam que os cinco italianos trabalharam em conjunto com os americanos — quase todos agentes da CIA — para seqüestrar o clérigo muçulmano Osama Mustafa Hassan Nasr em uma rua de Milão em 17 de fevereiro de 2003.


 


A CIA recusa-se a comentar o caso. Apenas um dos réus americanos não foi identificado como agente da CIA. Entre os indiciados está o ex-chefe do serviço secreto militar italiano Nicolo Pollari.


 


Pollari, o único réu presente numa audiência preliminar, insistiu que os serviços secretos italianos não participaram do seqüestro e disse ao juiz que não poderia se defender adequadamente porque os documentos que confirmam sua versão não podem ser apresentados por conterem segredos de Estado.


 


Depois do seqüestro, Nasr foi levado de carro até a base aérea de Aviano, perto de Veneza, de onde foi para a base aérea americada de Ramstein, na Alemanha, e finalmente ao Egito, onde há denúncias de que foi torturado.