Mulheres: Campanha por uma nova agência da ONU

Quando a Comissão sobre o Status das Mulheres, integrada por mais de 150 organizações não-governamentais de todo o mundo, se reunir a partir do próximo dia 26 em Nova York, lançará formalmente uma campanha para a criação de uma nova agência da Organização

A ativista destacou que a reforma do fórum mundial não é importante apenas “para melhorar a vida das mulheres, mas também para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e, também, assegurar o bem-estar de todos”. Zeitlin disse que “há um claro consenso de que a atual estrutura é insuficiente para atender as necessidades das mulheres em todo o mundo, ou para que os governos cumpram os compromissos que assumiram em Pequim (na IV Conferência Mundial sobre a Mulher, de 1995), bem como em outras conferências da ONU”. A Comissão foi criada nessa reunião na capital chinesa para ter sessão anual em Nova York e avaliar os progressos alcançados em matéria de direitos das mulheres.


 


A proposta para a criação de uma “nova arquitetura de gênero” inclui a integração das três entidades da ONU (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher, Escritório do Assessor Especial para Assuntos de Gênero e Divisão para o Progresso das Mulheres) em somente uma nova agência que seria dirigida por uma subsecretária-geral, o terceiro cargo mais alto dentro das Nações Unidas. A idéia foi originalmente recomendada pelo Painel de Alto Nível sobre Coerência do Sistema da ONU, integrado por chefes de governo, ex-líderes políticos e altos funcionários das Nações Unidas. Este órgão sugeriu a “criação de uma entidade da ONU dinâmica, concentrada na igualdade de gênero e no empoderamento das mulheres”.


 


Charlotte Bunch, do Centro para a Liderança Global das Mulheres (CWGL), afirmou que a proposta é um passo adequado para esforços mais concretos a fim de serem respeitados os direitos das mulheres. “Mas somente poderá ter sucesso se for apoiada com os recursos necessários e se tornar operacional em cada país”, acrescentou. “Como as organizações assinaram nossa declaração em apoio às recomendações, a ONU não poderá pronunciar boas palavras sobre os direitos das mulheres sem fazer que estejam acompanhadas de recursos, pois de outra maneira perderá legitimidade nestes assuntos”, disse à IPS.


 


O documento, assinado por 157 organizações, diz que é tempo de mostrar apoio para uma entidade formada e fortalecida para as mulheres dentro da ONU. “Os grupos de mulheres exortam os governos a demonstrarem sua vontade política durante as sessões da Assembléia Geral, apoiando as recomendações do Painel de Alto Nível para criar uma arquitetura eqüitativa de gênero mais forte na ONU e aderindo a um processo com prazos para sua implantação”, diz o documento.


 


Além da Wedo e Cwgl, a Comissão está integrada pelo Fundo de Mulheres Africanas para o Desenvolvimento, Anistia Internacional, Asia Pacific Women’s Watch, Equality Now, Fundo Global para as Mulheres, Liga Internacional de Mulheres pela Paz e a Liberdade, Rede Internacional de Políticas de Gênero, Human Rights Watch, Iniciativa de Mulheres Nobel, Instituto Sociedade Aberta e Sisters Beyond Boundaries, entre outras.


 


“Entendemos que o novo secretário-geral da ONU disse que se reunirá com os grupos de mulheres para discutir esta proposta e dar-lhe uma consideração seria”, disse Bunch. “Tenho esperanças, mas também reconheço que os progressos para as mulheres sempre dependem de as organizações não-governamentais continuarem demandando atenção, e continuaremos a fazê-lo”, acrescentou.