Futebol: Ex-gari se torna artilheiro do Campeonato Francês
Steve Savidan está revivendo este ano, na França, a lenda da Gata Borralheira. Ele passou os últimos anos de sua vida profissional correndo atrás da glória que lhe teimava em fugir, e este ano, jogando pelo modesto Valenciennes, tornou-se artilheiro do Ca
Publicado 22/02/2007 16:09
A reviravolta em sua vida aconteceu no jogo do Vallenciennes contra o Nantes, no último dia 10, pela 24ª rodada da competição. Era uma partida em que os dois times lutavam desesperadamente para fugir da zona de rebaixamento. Seu time ganhou de 5 a 2 e ele marcou nada menos do que quatro gols no goleiro campeão do mundo Barthez, em pleno Estádio La Beaujoire, casa do adversário. Foi, finalmente, a glória. Ele passou a somar 14 gols e se isolou na artilharia do campeonato.
Nascido em Angers, Savidan começou sua saga no Angers, clube da Segunda Divisão, em 1998. Mas não jogou nenhuma partida. No ano seguinte transferiu-se para o Châteuroux, também da Segunda. Marcou 20 gols. Em 2000, já estava no Ajaccio, ainda na mesma divisão. Terminou o campeonato com 37 gols. Sua carreira parecia deslanchar. Nada. Personalidade forte, veia sindicalista e alma cigana, Savidan voltou ao Angers, agora na Divisão Nacional (a Terceira), e fez 36 gols. Pulou em 2002 para o Beauvais, da Segundona francesa. Terminou o campeonato com 24 gols. Desiludido, pois nada acontecia, foi jogar no Angoulême, time da terra de sua mulher. Estava de volta à Divisão Nacional. Ali, para ajudar no orçamento doméstico, começou a trabalhar de gari durante a noite. De dia, bola.
Então em 2004, Savidan encontrou o clube de sua vida: o Vallenciannes. Naquele ano, o time estava na Divisão Nacional. No fim da temporada, com os 37 gols marcados pelo centroavante, o clube subiu para a Segunda. No ano seguinte, com mais 35 gols de Savidan, o Vallenciannes desembarcou na Primeira Divisão, onde ocupa a 16ª colocação e respira longe da zona do rebaixamento.
Agora que ele está em estado de glória, só recebe elogios. Alguns talvez até exagerados. O veterano treinador Daniel Leclerq, por exemplo, chega a comparar Savidan a Jean-Pierre Papin e ao iugoslavo Skoblar, que se tornou recordista de gols no Campeonato Francês ao marcar 44 vezes na temporada 1970/71. Certo mesmo é que Savidan é um guerreiro. Lutou sua guerra particular por oito anos sem esmorecer. Foi derrotado, humilhado, mas jamais vencido. Agora é a sua hora e a sua vez de conhecer o gosto da glória.