Oscar Niemeyer ataca “império assassino” de Bush

No dia em que a  Academia Brasileira de Letras (ABL) lhe homenageou por seus 100 anos de idade — que serão completados em 15 de dezembro —, o arquiteto Oscar Niemeyer fez questão de registrar sua indignação com a visita do presidente americano George

O protesto foi feito no único momento em que Niemeyer falou ao microfone. “Aprecio as coisas mais diferentes. Só no campo da política sou intransigente e radical”, disse o arquiteto. “(Sou) contra o império assassino de Bush e contra quem, em nosso país, tenta combater o governo Lula.”


 


No restante do evento, o arquiteto, dizendo-se cansado, pediu que fossem lidos os seus textos. Mas concedeu breves entrevistas a repórteres que cobriam o evento. “Fiz muito pouco. A vida é assim — não dá oportunidade para fazer muito”, declarou a um portal, a respeito do que gostaria de ter feito e não fez.


 


A homenagem que recebeu em sessão solene, nesta quinta-feira (8), no salão nobre da ABL, no centro do Rio. A cerimônia faz parte também dos festejos pelos 110 anos da entidade, fundada pelo escritor Machado de Assis, em 1897.


 


O evento
Antes da solenidade, Niemeyer, acompanhado pela mulher Vera Lúcia, foi recebido pelos acadêmicos para um chá. Logo após, o presidente da casa, Marcos Vilaça, abriu a cerimônia para os convidados e para a imprensa. Duas mil pessoas foram convidadas e muitas personalidades, como o senador Marcos Maciel, o cartunista Ziraldo e a atriz Tônia Carrero, amiga de longa data do arquiteto, compareceram.


 


O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, comentou sobre a homenagem. “Os homens e as mulheres que se fizeram imortais pelas palavras se reúnem para homenagear àquele que desenha. Desenhos esculturais que revelam preocupações sociais. As obras de Oscar falam”, disse.


 


Já o acadêmico Cícero Sandroni falou sobre o lado agnóstico do arquiteto. “Se ele não acredita em Deus, Deus, certamente, acredita nele”.


 


Preguiça
Niemeyer, que foi aplaudido de pé pelos convidados, pediu para o físico Ubirajara Brito ler alguns trechos do seu livro Conversa de Arquiteto. Num deles, o Niemeyer confessa ter preguiça de participar de várias ocasiões e faz um comentário sobre a monotonia de uma arquitetura ideal.


 


“Não acredito numa arquitetura ideal por todos adotada. Seria monótono. Reconheço que não me faltou coragem para desenhar a cúpula do Palácio Nacional”, dizia um dos trechos lidos. Ao final, Niemeyer se levantou e aproveitou para se posicionar politicamente sobre a estadia do presidente americano George W. Bush no Brasil. “Eu quero fazer o meu protesto contra a presença do Bush”, disse sob aplausos.


 


O arquiteto já tem um próximo projeto. Ele vai fazer um parque à beira-mar, no Recife, na Praia de Boa Viagem.