Ocupação na USP deve continuar até o final desta semana

A reunião entre representantes dos estudantes que ocupam a reitoria da USP (Universidade de São Paulo) desde o dia 3 de maio, a reitoria Suely Vilela e o secretário estadual de Justiça, Luiz Antônio Marrey, terminou na tarde desta segunda-feira (28) se

De acordo com Rose Nogueira, presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), que participou do encontro, os estudantes levaram à reunião uma espécie de ''dossiê'' sobre os decretos do governo estadual que estão por trás da polêmica, por coclocrem em cheque a autonomia universitária. Também levaram um artigo do professor de direito Dalmo Dallari, para basear a argumentação sobre a suposta inconstitucionalidade dos textos.



 


''O secretário prometeu analisar as propostas de modificação dos decretos, mas frisou que não haverá revogação. O que pode acontecer é um aperfeiçoamento'', explicou Rose.


 


Na reunião, Marrey condenou a ocupação do prédio da reitoria da USP, e exigiu que os estudantes deixem o local para que as negociações prossigam. ''O governo do Estado entende que um ato de força, como é a ocupação da reitoria da USP, não é produtivo para o diálogo'', afirmou.


 


O secretário também defendeu que os decretos são legais. Para ele, quem quiser contestá-los deve procurar a Justiça.


 


Apesar do impasse, Marrey disse aos jornalistas que a reunião teve ''bom nível''.


 


Reitora presente


 


A novidade da reunião, que durou cerca de três horas, foi a participação da reitora da USP, Suely Vilela, algo que não ocorreu no primeiro encontro de Marrey com os estudantes, na semana passada.


 


A reitora da USP afirmou que está disposta a negociar com os estudantes sobre as reivindicações ''internas''.


 


''O diálogo continua, obviamente, mas o avanço das reivindicações depende exatamente da desocupação da reitoria para que se possa fazer isso dentro de um ambiente sem pressão'', disse Suely, fazendo coro à exigência de Marrey para que os estudantes deixem a reitoria.


 


No primeiro encontro entre as partes, realizado na última quinta (24), o secretário Marrey disse aos estudantes que a reintegração de posse da reitoria — concedida no dia 16 pela Justiça e reafirmada na sexta (25), após segundo pedido de adiamento — é uma ordem judicial, e que por isso tem de ser cumprida. O uso da força, com a ação da PM (Polícia Militar) de São Paulo, não está descartado, mas o governo vem sinalizando, ao debater diretamente com os estudantes por meio de Marrey, que quer um desfecho pacífico para a crise.


 


Nesta reunião, o discurso pela desocupação continuou o mesmo, segundo a presidente do Condepe. ''O secretário disse mais de uma vez que as negociações iriam melhorar e até avançar mais se os alunos saíssem do prédio da reitoria, mas eles deixaram claro que a ocupação continuará até o final das negociações'', afirmou Rose. ''Eu, pessoalmente, acho que, enquanto estiver ocorrendo a negociação, a ação da polícia está descartada. Todos querem um fim pacífico para a crise''.


 


Os estudantes realizam desde as 19h desta segunda, em frente ao prédio da reitoria, uma nova assembléia para discutir com todos os integrantes do movimento os principais pontos da reunião.


 


Blog novo


 


O movimento de ocupação da USP está com um blog novo no ar. O anterior deixou de funcionar na semana passada, por motivos ainda desconhecidos. Os estudantes desconfiam de sabotagem, segundo a comissão de imprensa da ocupação.