Argentina: pesquisa aponta vitória de Cristina no primeiro turno
Cristina Fernandez Kirchner é tida como a vitoriosa nas eleições presidenciais na Argentina, a uma semana da votação, que acontecerá no próximo domingo, dia 28 de outubro. A primeira-dama do presidente de saída, Nestor Kirchner, deveria vencer já no prime
Publicado 21/10/2007 18:13
Na história existe um casal que pode ser comparado aos Kirchner? Na sua resposta, Torcuato Di Tella, um dos mais brilhantes sociólogos argentinos, já ministro da Cultura de Kirchner, não hesita: “Os reis católicos da Espanha, Isabel de Castela e Fernando de Aragão: cada um tinha a sua força própria”.
Cristina é o símbolo do peronismo moderato. A uma tática para reunir todos os líderes políticos argentinos se deve o fato que as estratégias da campanha eleitoral aboliram o termo “peronismo” e “justicialismo” (nome oficial do partido criado por Juan Domingo Perón) do material eleitoral atual.
“Com os Kirchner o peronismo ganha um perfil majoritariamente de centro-esquerda”, afirma Di Tella. “Ao longo de toda a minha vida critiquei o peronismo, mas hoje o considero em uma fase de evolução. Se os comunistas italianos e húngaros se democratizaram, justo eles que adoravam Stalin, porque os peronistas também não podem mudar?”
Kirchner criou em 2003 a ''Frente para la Victoria'', o partido pelo qual a sua esposa se apresenta. Com isso, ele quis evitar qualquer referência ao peronismo.
Uma pesquisa de opinião anunciada ontem indica Cristina Kircher como a vencedora, com 47,9% dos votos. Carrió e Lavagna aparecem mais distantes, com 15% e 11,1% respectivamente.
As normas argentinas prevêem que seja eleito presidente quem tiver mais do que 45% dos votos, ou quem tiver mais do que 40% desde que com uma vantagem acima de 10 pontos percentuais sobre o segundo mais votado.
Até os opositores admitem que Cristina certamente vencerá no próximo domingo: quase todos os jovens votam nela.
A campanha é marcada por grandes temas internos, em primeiro lugar a inflação galopante. Fala-se menos dos assuntos internacionais, mas a Kirchner foi um sucesso nos Estados Unidos, na Espanha e no Brasil, atraindo novos investimentos para a Argentina, sedenta por capitais. “Os dois Kirchner são pessoas diferentes e têm uma gestualidade diferente”, disse um eleitor argentino entrevistado pela ANSA. “Mas o projeto é o mesmo”.
Nestor Kirchner conseguiu capitalizar para a esposa até os processos em curso contra os repressores e os torturadores da ditadura argentina (1976-82), que lhe conferem muita popularidade não só entre as Mães da Praça de Maio. O maquiavélico Kirchner parece ter conquistado para ele a possibilidade de uma reeleição no próximo mandato, que lhe confere uma continuidade “Kirchnerista” por outros oito anos, ou mais…
Fonte: Ansa Latina