Moradores denunciam abusos de policiais e militares em morro no Rio
O subprocurador de Direitos Humanos do Ministério Público estadual, Leonardo Chaves, ouviu, no dia 11, na Associação de Moradores do Morro da Providência – no bairro da Gamboa –, denúncias de moradores contra policiais militares responsáveis pela seguranç
Publicado 14/01/2008 21:57 | Editado 04/03/2020 17:05
As obras de reforma nas casas da área são realizadas por integrantes do Batalhão Escola de Engenharia do Exército e da Comissão Regional de Obras da 1ª Região Militar. Mas segundo a presidente da associação, Márcia Silva, “contra o pessoal da engenharia não há o que reclamar – os que fazem a segurança são responsáveis por casos isolados”.
Entre esses casos ela citou “abusos com as meninas novas, nas revistas, em blitz de carros, além de tiros para o alto que partiram de um jipe durante o ensaio técnico de uma escola de samba da comunidade”.
A assessoria do Comando Militar do Leste não quis comentar as denúncias. Segundo o subprocurador Leonardo Chaves, como o Exército é da área federal, o assunto não está sob sua competência. Mas ele se comprometeu a “ser a ponte entre a comunidade e o Ministério Público Federal”.
A Operação Cimento Social foi iniciada em dezembro passado, com o objetivo de reformar fachadas e telhados de 780 casas. O investimento é de R$ 12 milhões. Na audiência, o subprocurador ouviu da família de Edson Neves Barbosa, de 16 anos, morto no dia 4, acusação à Polícia Militar do Rio de Janeiro de ter executado o jovem no Morro do Pinto, também na região portuária. Durante ação do 5º Batalhão da PM, outro adolescente de 14 anos foi ferido no abdômen e está internado no Hospital Souza Aguiar. Os policiais, segundo relato dos familiares, atiraram nos jovens depois de retirados do bar onde compravam refrigerante.
“São declarações muito sérias, impactantes e que nós vamos apurar. Notei as pessoas muito intimidadas, com medo de certos setores da Polícia Militar”, disse o subprocurador, em referência a declarações da mãe de Edson, Telma Neves.
Ela negou que o filho estivesse armado: “Eu quero que o policial prove para mim que Edson estava fazendo algo de errado. Vai em Riachuelo [bairro do Rio] perguntar quem era o Edson que vendia cloro e iogurte na Praia de Copacabana, que vendia salgado. Se ele for procurar saber, vai saber quem era meu filho e vai saber que ele matou um inocente”.
O tenente-coronel Edvaldo Camelo, comandante do 5º Batalhão da PM, disse que os policiais dispararam em legítima defesa, depois que um dos jovens havia sacado uma arma. E informou que foi aberta sindicância interna para averiguar o caso.