Bolívia: chuvas deixam 90 mil desabrigados e La Paz sem água
Mais de 400 mil moradores de La Paz sofrem neste domingo (27) com a falta de água potável. O que causou o colapso foram os desmoronamentos que atingiram a principal represa da capital boliviana — e já deixaram outros 90 mil desabrigados este ano.
Publicado 27/01/2008 16:03
Milhares de pessoas faziam filas diante dos caminhões-cisterna com os quais a empresa de água potável (EPSAS) busca amenizar a crise. Segundo o gerente da empresa, a situação deve ser superada provisoriamente nesta segunda-feira.
“Não é uma situação que pode ser solucionada imediatamente. Estamos trabalhando para acabar com o problema, mas reparar a tubulação demorará pelo menos dois meses”, disse.
O imprevisto corte ocorreu na sexta-feira, quando um desmoronamento destruiu 50 metros da tubulação da represa Hampaturi, que abastece 25 zonas das ladeiras da parte leste e a zona sul dessa cidade de 900 mil habitantes.
Enquanto toda a cidade sofre com desmoronamentos, inundações e enchentes semelhantes às que aconteceram em todo o país causando a morte de 35 pessoas, mais de 20 mil famílias ficaram desabrigadas, as principais estradas foram bloqueadas e milhares de hectares de plantações foram destruídos, segundo os relatórios oficiais.
Entre as vítimas fatais está o voluntário italiano Morris Bertozzi, que trabalhava em um centro de reabilitação de dependentes químicos, morto na sexta-feira e encontrado neste domingo em operações de resgate no rio La Paz.
Cenas dramáticas
A extraordinária elevação do rio destruiu milhares de hectares na parte baixa da cidade. Além disso, segundo o governador de La Paz, José Luís Paredes, a inundação deixou intransitável as estradas de quatro províncias. Centenas de veículos carregados de frutas e verduras estão presos em estradas vizinhas.
Em Cochabamba, centro geográfico do país e a 500 quilômetros ao sudeste de La Paz, uma enchente semelhante a que surpreendeu Bertozzi, levou três meninas que estavam com sua mãe às margens do rio Taquiña. As buscas pelas três continuam.
Segundo informes da rádio católica Erbol, na região tropical de Chapare, também em Cochabamba, 70 famílias estavam refugiadas em um tipo de ilhota, onde continuavam hoje. As operações de resgate estavam com problemas para retirá-las de lá devido ao difícil acesso.