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Atenta à crise, Opep decide não aumentar oferta de petróleo

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiu nesta sexta-feira (1º/2) não aumentar sua oferta de petróleo, apesar dos altos preços, movida pelo temor de que uma possível recessão econômica provoque uma forte desaceleração na demanda mu

Os ministros da Opep realizaram nesta sexta-feira em Viena uma reunião extraordinária, na qual se decidiu manter em 29,67 milhões de barris diários (mbd) sua cota oficial de produção de petróleo de doze dos treze Estados-membros (menos o Iraque).



Em virtude da situação atual e da prevista desaceleração econômica, os ministros acreditam que “a produção da Opep é suficiente para satisfazer a demanda esperada para o primeiro trimestre do ano”, afirma a declaração final do encontro.



Ao mesmo tempo, os ministros se comprometeram a “vigiar atentamente” a evolução do mercado diante das incertezas relacionadas à possível desaceleração da economia mundial até 5 de março, quando voltarão a se reunir em Viena.



“Todas as opções serão estudadas”, disse à imprensa o ministro de Petróleo do Catar, Abdullah bin Hamad al-Attiyah, após encerrar a 147ª conferência ministerial da Opep, enquanto Rafael Ramírez, titular da pasta na Venezuela, reconheceu a possibilidade de que, dentro de um mês, se decida uma redução no abastecimento.



Recusa



A Opep, com essa decisão, não respondeu aos insistentes pedidos dos Estados Unidos e de outras nações consumidoras para que aumentasse seu fornecimento a fim de baratear o petróleo e aliviar, assim, as pressões inflacionárias, especialmente diante da tensa situação da economia americana.



O preço do Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve), de referência para os EUA, superou pela primeira vez a barreira dos US$ 100 o barril em 3 de janeiro.



A Opep descartou que seja o responsável pela grande elevação dos preços, especialmente a registrada desde meados de setembro de 2006, quando, pela primeira vez, o WTI e o petróleo Brent – de referência para Europa – ultrapassaram os US$ 80 por barril.



“Não foi motivado por uma falta de oferta”, disse o ministro da Energia argelino, Chakib Khelil, em entrevista coletiva na sede da Opep, após concluir a conferência ministerial na qual foi confirmado como presidente da organização durante todo este ano.



“Os preços subiram após o anúncio da crise 'subprime' (de hipotecas de alto risco). A evolução dos preços veio após isso”, lembrou.



O secretário-geral da organização, o líbio Abdalla Salem el-Badri, destacou que os cálculos e as medidas utilizados pela Opep se baseiam no preço do barril referencial do grupo, que é calculado com base em doze qualidades de petróleo e cuja média, no ano passado, foi de US$ 69,17.



A “cesta Opep” fechou negociada na quinta-feira a US$ 88,10, basicamente o preço médio de todo o mês de janeiro, que ficou em US$ 88,5.



Demanda energética



O receio de que uma abundante oferta frente a uma queda da demanda de petróleo possa provocar uma redução dos preços foi um dos fatores determinantes da decisão, que, por outro lado, era a esperada pelos mercados, pois tinha sido adiantada pela maioria dos ministros.



O ministro argelino lembrou que, habitualmente, a demanda mundial de petróleo retrocede no segundo trimestre do ano devido ao menor consumo de calefação em virtude do fim do inverno no hemisfério norte.



O temor de que uma possível recessão freie a demanda energética em geral também é outro fator importante, e a Opep calcula que o crescimento da produção de seus principais concorrentes – os produtores de petróleo que não são membros do grupo – superará o aumento da demanda de petróleo este ano.



Fonte: Efe