Atenta à crise, Opep decide não aumentar oferta de petróleo
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiu nesta sexta-feira (1º/2) não aumentar sua oferta de petróleo, apesar dos altos preços, movida pelo temor de que uma possível recessão econômica provoque uma forte desaceleração na demanda mu
Publicado 01/02/2008 13:17
Os ministros da Opep realizaram nesta sexta-feira em Viena uma reunião extraordinária, na qual se decidiu manter em 29,67 milhões de barris diários (mbd) sua cota oficial de produção de petróleo de doze dos treze Estados-membros (menos o Iraque).
Em virtude da situação atual e da prevista desaceleração econômica, os ministros acreditam que “a produção da Opep é suficiente para satisfazer a demanda esperada para o primeiro trimestre do ano”, afirma a declaração final do encontro.
Ao mesmo tempo, os ministros se comprometeram a “vigiar atentamente” a evolução do mercado diante das incertezas relacionadas à possível desaceleração da economia mundial até 5 de março, quando voltarão a se reunir em Viena.
“Todas as opções serão estudadas”, disse à imprensa o ministro de Petróleo do Catar, Abdullah bin Hamad al-Attiyah, após encerrar a 147ª conferência ministerial da Opep, enquanto Rafael Ramírez, titular da pasta na Venezuela, reconheceu a possibilidade de que, dentro de um mês, se decida uma redução no abastecimento.
Recusa
A Opep, com essa decisão, não respondeu aos insistentes pedidos dos Estados Unidos e de outras nações consumidoras para que aumentasse seu fornecimento a fim de baratear o petróleo e aliviar, assim, as pressões inflacionárias, especialmente diante da tensa situação da economia americana.
O preço do Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve), de referência para os EUA, superou pela primeira vez a barreira dos US$ 100 o barril em 3 de janeiro.
A Opep descartou que seja o responsável pela grande elevação dos preços, especialmente a registrada desde meados de setembro de 2006, quando, pela primeira vez, o WTI e o petróleo Brent – de referência para Europa – ultrapassaram os US$ 80 por barril.
“Não foi motivado por uma falta de oferta”, disse o ministro da Energia argelino, Chakib Khelil, em entrevista coletiva na sede da Opep, após concluir a conferência ministerial na qual foi confirmado como presidente da organização durante todo este ano.
“Os preços subiram após o anúncio da crise 'subprime' (de hipotecas de alto risco). A evolução dos preços veio após isso”, lembrou.
O secretário-geral da organização, o líbio Abdalla Salem el-Badri, destacou que os cálculos e as medidas utilizados pela Opep se baseiam no preço do barril referencial do grupo, que é calculado com base em doze qualidades de petróleo e cuja média, no ano passado, foi de US$ 69,17.
A “cesta Opep” fechou negociada na quinta-feira a US$ 88,10, basicamente o preço médio de todo o mês de janeiro, que ficou em US$ 88,5.
Demanda energética
O receio de que uma abundante oferta frente a uma queda da demanda de petróleo possa provocar uma redução dos preços foi um dos fatores determinantes da decisão, que, por outro lado, era a esperada pelos mercados, pois tinha sido adiantada pela maioria dos ministros.
O ministro argelino lembrou que, habitualmente, a demanda mundial de petróleo retrocede no segundo trimestre do ano devido ao menor consumo de calefação em virtude do fim do inverno no hemisfério norte.
O temor de que uma possível recessão freie a demanda energética em geral também é outro fator importante, e a Opep calcula que o crescimento da produção de seus principais concorrentes – os produtores de petróleo que não são membros do grupo – superará o aumento da demanda de petróleo este ano.
Fonte: Efe