Chávez intensifica luta por reconhecimento político das Farc
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, insistiu neste sábado (9) em pedir reconhecimento político para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Ele também expressou seu desejo de que Manuel Marulanda, chefe da guerrilha, “desça um dia da mont
Publicado 10/02/2008 18:02
“Quando propus o tema do reconhecimento político das Farc é porque penso que só desse jeito poderemos avançar para a paz, disse Chávez em uma reunião com familiares de três reféns que a guerrilha prometeu libertar. “Para mim, não são um grupo terrorista — são um grupo armado insurgente.”
“É um exército, não são grupos terroristas. O terrorismo é outra coisa. Na Colômbia há uma guerra interna”, enfatizou Chávez, ao mostrar uma carta de Marulanda que acompanha um comunicado no qual as Farc anunciaram sua intenção de libertar os ex-parlamentares Gloria Polanco, Luis Eladio Pérez e Orlando Beltrán.
“Não será possível que Marulanda, um dia, desça da montanha e seja recebido pelo quê ele é — um irmão — e dê um abraço no presidente da Colômbia, seja ele quem for?”, perguntou Chávez. O presidente venezuelano, a senadora colombiana Piedad Córdoba, e vários ministros da Venezuela se reuniram nesse sábado em Barina (a 400 quilômetros de Caracas) com os familiares dos três seqüestrados das Farc.
No início de janeiro, Chávez pediu que os países da América Latina e da Europa reconheçam as Farc e o Exército de Libertação Nacional (ELN) como forças beligerantes e possam ser retiradas da lista de grupos terroristas.
O presidente informou também que as Farc já nomearam seu coordenador para esta operação e que o ministro do Interior, Ramón Rodríguez Chacín, representará a Venezuela. Ele assegurou que não existem venezuelanos nas mãos das Farc e que os chefes insurgentes já disseram que estão dispostos a colaborar para pegar os “delinqüentes” que poderiam se fazer passar por guerrilheiros para obter dividendos de seqüestros de cidadãos venezuelanos.
O presidente venezuelano pediu à imprensa cuidado e respeito com o tema e a informação que divulgam. “Sem pressa e sem pausa — e oxalá vocês ajudem nesse sentido, devem deixar o desespero para não criar escândalos, mas sim marcar o objetivo humanitário e o objetivo de paz que é o que nos move”, disse.
“Vocês são os reis do desespero. Não é nada recomendável injetar angústia às pessoas. Eu os peço que injetem calma e paciência a este tema. Não há tempo estipulado — somente sabemos que as Farc decidiram liberar mais três pessoas”, afirmou, ao ser questionado se já havia recebido as coordenadas geográficas do lugar onde os reféns serão liberados.