Piso regional é debatido na Assembléia

O piso salarial regional foi debatido na reunião coordenada pelo presidente da Assembléia Legislativa, Alceu Moreira (PMDB), na tarde desta quinta-feira (19), no Plenarinho da Casa, dentro das atividades propostas pelo programa Sociedade Convergente. E

“Gostaria que essa reunião fosse tratada como um começo da discussão”, adiantou Moreira, ao abrir os trabalhos. “Não esperamos chegar a uma solução hoje. Ninguém precisa abdicar de seu pensamento, desde que permaneçam canais abertos para essa discussão”, completou o presidente do Legislativo.


 


Antecipação do debate


 



O presidente da Central Única dos Trabalhadores do RS (CUT-RS), Celso Woyciechowski, saudou a iniciativa de antecipar o debate sobre o mínimo regional. “O piso regional tem uma importância fundamental que dialoga com a valorização do trabalho, a distribuição de renda e a oxigenação da economia”, explicou. “Nosso piso está hoje apenas 0,3% acima do mínimo nacional”, alertou. Vicente Selistre, presidente Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), definiu o piso regional como um patrimônio dos gaúchos. “O resgate do piso regional aos patamares de sua origem significa inclusão social e distribuição de renda”, argumentou.


 


 


“Temos que avançar na discussão sobre a formação de uma comissão para discutir o piso e não falarmos apenas em reposição da inflação, mas sobre a defasagem em relação ao mínimo nacional”, defendeu Paulo Barck, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Nelson Wild, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) concorda com a idéia de reposição. “Precisamos trabalhar em uma ação permanente para a construção de uma proposta visando a valorização deste patrimônio conquistado pelos trabalhadores”, pediu ao referir-se ao piso regional. “A defasagem que aconteceu entre 2001 e 2007 fez os trabalhadores perderem 23,47% de seus salários”, destacou Paulo Chavaré, da Força Sindical.


 


 


Falta de competitividade


 


 



O vice-presidente da Federasul, Telmo Schoeler, defendeu a posição contrária ao piso regional adotada pela entidade. “Ao representarmos 230 associações empresariais, comerciais e de serviços no Estado, cerca de 40 mil associados, entendemos que já existe um salário mínimo que é nacional, e que é ótimo, e tem sido reajustado de uma forma muito adequada e acima dos índices inflacionários, produzindo efeitos no Brasil como um todo”, disse. “Qual é o problema do mínimo regional?”, questionou. “O fato de ele ser superior ao nacional e existir em apenas quatro estados brasileiros, representa um acréscimo de custos às empresas gaúchas, o que diminui nossa competitividade”, defendeu. “Isso, sem dúvida, é uma das causas da saída de empresas do nosso Estado”.


 


Cássio Calvete, economista do Dieese, explicou o porquê de o piso regional ter sido criado com um valor 28% acima do mínimo nacional. “O fato de o Rio Grande do Sul continuar sendo uma das economias mais ricas do Brasil se mantém, ou seja, a capacidade de se manter pagando 28% a mais permanece como na criação do mínimo regional”, afirmou o especialista. Calvete contestou o argumento da perda de competitividade do Estado. “O que determina a competitividade de uma empresa é a qualificação de sua mão-de-obra, a sua capacidade de inovação, a infra-estrutura e seus centros de pesquisa. Nunca baixos salários”.


 


Parlamentares


 


 



“É necessário que sentem na mesma mesa trabalhadores e empresários para discutirem abertamente em busca de uma convergência”, defendeu o deputado Raul Carrion (PC do B). “Lamento que a representação patronal tenha sido tão limitada hoje”. Para o deputado Gerson Burmann (PDT), as perdas dos últimos anos devem ser estancadas. “Não é possível aceitar a redução do índice de reposição e é necessário promovermos a recuperação deste índice”, defendeu Burmann. “Meu compromisso é com os trabalhadores e irei adotar a posição deles”, ressaltou Álvaro Boessio (PMDB).


 


O deputado Raul Pont (PT) defendeu que o aumento do consumo das famílias registrado nos últimos anos influenciou positivamente os índices econômicos do país. Isso estaria relacionado à valorização salarial registrada neste período. “Nas últimas décadas, a economia brasileira teve um aumento de produtividade brutal. O aumento dos salários não foi proporcional a esse crescimento da produtividade. Defendemos a volta ao patamar inicial do piso regional”, destacou.


 


 


“Estamos conseguindo fazer aqui algo inédito”, comemorou o deputado Heitor Schuch (PSB), ao destacar o fato de se estar discutindo o piso antes de o projeto do Executivo chegar à Assembléia. “É preciso ficar claro para os empresários e para o governo que temos que conseguir a reposição, caso contrário, no próximo ano, o mínimo nacional superará o regional e sepultará esta política conquistada pelos gaúchos”, completou Schuch. “Se chegarmos ao equilíbrio será melhor para todos nós”, afirmou Cassiá Carpes (PTB).


 


Também estiveram presentes os deputados Adroaldo Loureiro (PDT),  Dionilso Marcon (PT), Edson Brum (PMDB) e Adão Villaverde (PT).


 



Agência de Notícias – ALERGS