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Ocupação do Iraque: cinco anos e um milhão de mortos

Há cinco anos, as primeiras bombas americanas caíram sobre Bagdá e marcaram o início de mais uma agressão americana contra um país independente do planeta. A pretexto de “encontrar as armas de destruição em massa” e os “laços entre o regime de Saddam e a

A meta propalada pela mídia pró-EUA era destruir o regime vigente no país e colocar em seu lugar uma “democracia nos moldes americanos”. No entanto, a ocupação do país obedeceu apenas a uma afirmação estratégica imperialista americana na região e às riquezas naturais iraquianas, principalmente água e petróleo.



Mais de um milhão de iraquianos morreram após a invasão e posterior ocupação americana. Vítimas da violência perpetrada pelas tropas e também pela disputa intrareligiosa, supostamente fomentada pelos próprios ocupantes por ter destruído a ordem vigente anterior sem ter estabelecido uma ordem confiável em seu lugar, as mortes foram contabilizadas de março de 2003 a agosto de 2007.



O cálculo é do Instituto Opinion Research Business (ORB) e foi divulgado em Londres recentemente. Segundo a instituição, a pesquisa de campo revelou que um em cada cinco lares iraquianos sofreu com a perda de pelo menos um membro da família no período.



Ausência de lei



O alto funcionário para os Direitos Humanos da ONU, no Iraque, John Pace, expressou há alguns meses críticas sobre a total ausência de leis no país. “Milhares estão presos sem processo; os casos de tortura e execuções sumárias estão aumentando”, disse ele.



“Uma das principais preocupações das Nações Unidas, no Iraque, é o crescente número de pessoas, sem processo, que está sendo mantido preso pelas autoridades americanas de ocupação do país. Não podemos esquecer que a ONU está com um mandato ali, para inspecionar o andamento das coisas. Embora algumas prisões feitas não sejam totalmente ilegais, elas têm que preencher certos requisitos específicos”, afirmou Pace.



Mas de acordo com John Pace, a quantidade de prisioneiros e o tempo que eles ficam presos sem processo não estão de acordo com os princípios, para prisioneiros de guerra, acertados na Convenção de Genebra.


 


Presos inocentes



As Nações Unidas pediram na época “urgência” às autoridades no Iraque, para que acelerem todos os procedimentos, no sentido de se estabelecer se os prisioneiros quebraram a lei ou não. Se eles vão ser processados oficialmente ou não. Por incrível que pareça, isto já está acontecendo, de uma forma ou de outra, mas não na velocidade que a ONU gostaria. Mas, por outro lado, o número de prisioneiros está aumentando drasticamente e isto, segundo John Pace, está gerando efeitos negativos.



“Em muitos casos, muitas pessoas estão presas nessas circunstâncias e são inocentes, e quando são soltas, muitas vezes, aderem à resistência” – disse Pace. E continuando a sua argumentação, ele ponderou: “Com isto, você tem o irônico resultado negativo de uma medida, que em princípio, foi tomada para limpar o país de terroristas”.



As torturas de prisioneiros e os maus tratos estão simplesmente aumentando, para não mencionar ainda o aumento das execuções sumárias que estão acontecendo. Alguns militares e algumas brigadas estão sendo acusadas de cometerem abusos sistemáticos contra crianças.


 


“E isto, afirmou John Pace, não é difícil de se provar, já que muitos desses corpos, com marcas de torturas, podem ser encontrados nas ruas ou em terrenos baldios, sendo que algumas horas antes, eles haviam sido presos por essas mesmas brigadas especiais”.


 


“Com tudo isto acontecendo no Iraque, onde a lei e a ordem estão sendo constantemente ignoradas, a criminalidade também aumenta, incluindo o comércio de drogas e o rapto de pessoas em troca de recompensa em dinheiro”, concluiu.