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Iraque, 5 anos: Lições de uma guerra particular

O estreante Charles H. Ferguson gastou boa parte da fortuna que ganhou na bolha da internet para criticar a Guerra do Iraque. Não, ele não financiou nenhuma campanha política. Fez melhor. Escreveu, dirigiu, produziu e pagou do próprio bolso sua primeir

Já premiado em Sundance, o documentário agora aporta em território brasileiro logo na abertura do festival É Tudo Verdade. O filme foi escolhido para a abertura no Rio de Janeiro, no dia 27. (Em SP, no dia anterior, passará Stranded, de Gonzalo Arijon, sobre tragédia aérea nos Andes em 1972.)


 


Sem Fim à Vista destrincha como foi tramada a estratégia de invadir o Iraque após o 11 de Setembro de 2001 e as subseqüentes trapalhadas da gestão George W. Bush no país.


 


O longa não envereda para um discurso panfletário, à la Michael Moore. Os entrevistados vão contando pouco a pouco, com declarações diretas, como se deram a invasão, a bandalheira que o país virou, a política de não fazer nada para conter o caos local, a falta de tato para discutir o futuro e a participação dos líderes locais e, ao final, o clima de guerra civil em que o Iraque ainda se encontra – daí a desesperança do título do filme.


 


O grande mérito do diretor foi conseguir trazer os depoimentos de gente de gabarito e peso nas decisões (ou melhor, na falta delas), como Richard Armitage, secretário de Estado logo abaixo Colin Powell; Barbara K. Bodine, que assumiu a instituição para reorganizar o Iraque após a ocupação; e Samantha Power, que fez a biografia do diplomata Sérgio Vieira de Mello e dá um depoimento emocionado sobre a participação do brasileiro no conflito.


 


Dá vergonha ver e ouvir as declarações do então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld. E é de aplaudir de pé (se não fosse uma gafe no cinema) a escalada das imagens de abertura, contrapondo as aspas desses agentes políticos e a realidade retratada em imagens que todo o mundo viu nos telejornais.


 


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Para dar mais um aperitivo da programação do festival, que deve entrar daqui a pouco no site oficial (www.etudoverdade.com.br), duas retrospectivas valem ser ressaltadas. 10 Documentários que Mudaram o Mundo, mostra exibida em Londres no ano passado, reúne Tiros em Columbine, de Michael Moore, O Triunfo da Vontade, de Leni Riefenstahl, A Dor e a Piedade, de Marcel Ophüls, e A Tênue Linha da Morte, de Errol Morris, entre outros filmes que marcaram o gênero.


 


O festival ainda analisa o documentário experimental brasileiro (tema também das conferências no Cinusp, com destaque para a presença do dinamarquês Jorgen Leth no dia 4). Entre os filmes, Céu sobre Água, de José Agrippino de Paula (1937-2007), Juvenília, de Paulo Sacramento, Vera Cruz, de Rosangela Rennó, e Congo, de Arthur Omar.


 


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E, nas palavras do fundador Amir Labaki, “por ainda estarmos de luto pelas mortes de Michelangelo Antonioni e Ingmar Bergman”, o festival exibe O Olhar de Michelangelo, penúltimo trabalho do italiano, O Rosto de Karin, curta feito por Bergman sobre sua mãe, e Ingmar Bergman; Intermezzo e A Voz de Bergman, de Gunnar Bergdahl.