Correa adverte: assassinato de equatoriano agravaria crise
O presidente do Equador, Rafael Correa, advertiu que o conflito de seu país com a Colômbia pode se agravar caso se comprove que um cidadão equatoriano morreu no massacre de 1º de março. ''Caso se verifique que há um equatoriano falecido isso seria extrema
Publicado 23/03/2008 19:30
No programa radiofônico, que é itinerante e desta vez foi gravado em Santa Rosa, Correa usou um tom moderado. Fez uma avaliação positiva da Assembléia da OEA (Organização dos Estados Americanos) em que a crise foi debatida e considerou que ''predominou a força da verdade''.
O ''papelão'' do jornal El Tiempo
''Dentro dessa crise, o Equador, pela primeira vez na história, fez respeitar o fato de que ninguém pode violar nosso território, independente de que o Equador tenha ou não relações com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)'', afirmou Correa.
O presidente do Equador também se referiu com ironia ao ''papelão'' do diário El Tiempo, de Bogotá, que confundiu uma foto do secretário-geral do partido Comunista Argentino, Patricio Etchegaray, identificando-o como sendo o ministro da Segurança equatoriano, Gustavo Larrea. A imprensa colombiana, majoritariamente ultra-reacionária, declarou uma guerra verbal contra o Equador e a Venezuela. E levou-a tão longe que o ministro venezuelano de Relações Exteriores, Nicolás Maduro, fez um apelo para que cessem ''a campanha'' e ''as agressões''.
''Assassinato de um equatoriano''
O ponto onde Correa foi mais duro foi sobre a possibilidade de haver pelo menos um cidadão equatoriano entre os 25 mortos no massacre da madrugada do dia 1º, em que morreu o porta-voz das Farc Raul Reyes. Trata-se do mecânico Franklin Guillermo Aizalia, de 38 anos, identificado através de uma fotografia pelos pais. Estes chegam a Bogotá nesta segunda-feira (24), decididos a identificar o corpo.
''Caso se verifique que há um equatoriano falecido, e cujo corpo foi levado para a Colômbia, isso seria extremamente grave. A OEA teria que atuar de forma contundente, porque se trataria do assassinato de um equatoriano em solo pátrio. Quando se confirme, tomaremos medidas. Não deixaremos esse caso no esquecimento'', disse Correa no seu programa.
Da defensiva, o governo da Colômbia, reagiu em nota oficial. Nela, repete o argumento de que o alvo do ataque ''era um acampamento de terroristas que atuavam contra o direito à segurança do povo colombiano''. As autoridades da administração do presidente colombiano Álvaro Uribe seguem a tese que tem os Estados Unidos e Israel como exemplos máximos: julga que a guerra contra o terrorismo justifica a violação da legislação internacional.
A Colômbia admitiu, porém, que acatará qualquer decisão da OEA. Nesta semana chega a Bogotá uma missão da organização interamericana, encarregada de processar o reatamento das relações entre os dois países, rompidas pelo Equador no auge da crise, em sinal de protesto.
Logo depois da chacina, as autoridades colombianas exibiram fotos de Reyes e outros supostos guerrilheiros mortos, ao que parece enquanto dormiam, num acampamento perto da fronteira. Os pais de Aizalia reconheceram seu filho, desaparecido dias antes, na foto que foi apresentada como sendo do guerrilheiro Julián Conrado, conhecido animador cultural das Farc. O corpo acha-se no Instituto de Medicina Legal de Bogotá.
Da redação, com agências