Amorim volta a defender entrada da Venezuela no Mercosul
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a entrada da Venezuela no Mercosul durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira, 24. “Com a entrada da Venezuela, o potencial do Mercosul é ser o
Publicado 25/03/2008 14:56
Segundo ele, apesar da retórica de Hugo Chávez, os empresários brasileiros que investiram na Venezuela não têm do que reclamar. Questionado se as negociações comerciais com aquele país não seriam uma forma de “neutralizar” a importância de Chávez no continente, Amorim minimizou: “Eu acho que nós podemos ter uma influência positiva. Nós não queremos neutralizar.”
Alca: sábia escolha
Ainda sobre acordos comerciais e apesar de reconhecer que um com os Estados Unidos poderia favorecer alguns setores da economia brasileira, Celso Amorim acredita que foi melhor para o Brasil não ter ainda entrado para a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). “Hoje eu vejo importantes economistas norte-americanos dizerem que uma das razões pela qual o Brasil está menos suscetível às crises é que o nosso comércio se diversificou”, sobre a opção de procurar acordos comerciais com outros países emergentes.
“Se nós tivéssemos entrado para a Alca, não só o comércio teria se concentrado mais, sobretudo em relação ao mercado norte-americano, mas também nós estaríamos muito mais vulneráveis do ponto de vista de balanço de pagamentos”, afirmou Amorim.
Celso Amorim reconheceu que, apesar das dimensões continentais do país, o Brasil não pode permanecer à margem dos grandes blocos comerciais hoje existentes. “A China em si é um grande bloco, a Índia é um grande bloco, os Estados Unidos são um bloco e a União Européia é um bloco. Nós não podemos ficar isolados”, afirmou o ministro.
Paraguai e Itaipu
Durante o programa, Amorim também opinou a respeito da relação com o Paraguai, país cuja campanha para eleição presidencial (marcada para 20 de abril) tem como principal tema a possível revisão do acordo com o Brasil sobre Itaipu.
Os principais candidatos a presidente daquele país defendem uma renegociação do acordo de Itaipu. “Mas para renegociar o tratado de Itaipu o Brasil também tem que concordar”, avisou o ministro, lembrando que o acordo não pode ser rompido unilateralmente.
Como nas negociações com a Bolívia sobre a nacionalização do gás natural, o Brasil deverá oferecer recursos para o desenvolvimento paraguaio para que aquele país possa usar a parte dele da energia gerada em Itaipu. “Nós estamos buscando construir uma linha de transmissão reforçada para Assunção”, que, segundo o ministro, é deficiente em energia elétrica. Também haveria incentivos para a instalação de indústrias de uso intensivo de energia naquele país. “É a melhor maneira de ajudar no desenvolvimento do Paraguai”, sentenciou.