PE: para médicos exonerados, crítica de Lula é desinformação

Em assembléia geral da categoria, realizada na noite dessa quinta-feira (4) no Centro Social da Soledade, na Boa Vista do Recife (PE), os médicos da rede estadual de saúde devolveram os ataques do presidente Lula no mesmo tom de provocação. O presidente d

“Não existe greve em Pernambuco. Existe um movimento de entrega de pedidos de demissão. Os médicos não aceitam trabalhar desta forma e dizem ‘basta’ a esta situação.” Em seguida, perguntou ao presidente Lula: “o médico de Lula atende na periferia ou na Avenida Paulista?”



 
Sobre a declaração de que os médicos não estavam cumprindo o juramento que fizeram ao se formar, o presidente do Simepe devolveu o questionamento.


 


“Queria saber se Lula cumpre o juramento que fez ao assumir a presidência. O juramento de cumprir o que manda a Constituição Federal. O orçamento da União para a área de Saúde deveria ser de R$ 108 bilhões. No entanto, foi aprovado apenas R$ 44 bilhões. Deste total, o governo federal só gastou 17%”, enfatizou.


 


Além disso, o médico Antonio Jordão fez um convite ao presidente. “Ele deveria aproveitar a vinda ao Recife e visitar as principais emergências da rede pública de saúde e ver a situação ‘in loco’, isto é, o drama de pacientes e médicos.”


 


Juramento


 


Para o vice-presidente Cremepe, André Longo, o presidente Lula não deveria se referir ao juramento de Hipócrates. “A ética médica manda que os profissionais não devem trabalhar sem condições. Diz também que as irregularidades devem sempre ser denunciadas.”



 
Ao final da assembléia geral, a categoria aceitou, com ressalvas, a proposta do governo do Estado em reajustar em 61,05% o salário-base dos profissionais de saúde, passando de R$ 1,9 mil para R$ 3.059,97.


 


No entanto, não concordaram com o escalonamento do reajuste em cinco parcelas até dezembro de 2010 e, sim, até junho de 2009. Outra proposta rejeitada feita na assembléia foi em relação ao reajuste da gratificação dos plantonistas. Os médicos querem uma gratificação de R$ 2,7 mil. Com isso, os salários ficaram equiparados aos do neuro-cirurgião.


 


O Sindicato realiza nesta sexta-feira (5), às 19h30, nova assembléia geral para discutir a resposta do governo. O encontro será realizado no auditório da Faculdade de Ciências Médicas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), em Santo Amaro.


 


400 já se demitiram


 


Os médicos – cerca de 400 – já entregaram pedidos de exoneração à Secretaria Estadual de Saúde e prometem deixar os cargos caso o governo de Pernambuco não atenda às suas reivindicações.


 


Segundo Antônio Jordão, a categoria aceita a proposta de reajuste salarial de R$ 3.070, mas ainda ficaram pendentes dois pontos “essenciais” para o acordo: o cronograma de melhoria das condições de trabalho e a gratificação paga aos plantonistas. Os médicos reivindicavam  piso salarial de R$ 3.400.


 


“O governo não apresentou um cronograma de melhoria [das condições de trabalho] para os médicos da rede hospitalar estadual. Isso é ponto essencial para acordo”, disse Jordão, acrescentando que os profissionais de saúde querem igualdade no pagamento das gratificações.


 


“Os médicos não aceitam a falta de isonomia entre algumas especialidades e os plantonistas. Todos têm uma importância igual na assistência à população. Portanto, a gratificação de plantão deve ser igual à concedida aos neurocirurgiões”.


 


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