Forças Armadas ocupam favelas do Rio, mas moradores se dizem intimidados
Homens das Forças Armadas ocupam desde o dia 11 sete favelas cariocas, no primeiro dia da Operação Guanabara. Os militares vão reforçar a segurança durante parte do período eleitoral em 28 comunidades mapeadas pela Justiça Eleitoral, no Rio de Janeiro.
Publicado 11/09/2008 18:37 | Editado 04/03/2020 17:05
Em Cidade de Deus, cerca de 500 homens, fortemente armados, com apoio de carros blindados e um helicóptero, estão em pontos considerados estratégicos. Os moradores, no entanto, ainda se dizem intimidados pelo tráfico de drogas e evitam dar declarações à imprensa.
O motoboy Sérgio Marcos da Silva, que mora no local, se arriscou a dizer que a presença dos soldados, que ficam até próximo sábado (13), não resolverá os problemas dos moradores. “Para a gente isso não melhora nada. Depois que eles forem embora a comunidade ficará a Deus dará.”
A Operação Guanabara conta com 3,5 mil soldados do Exército e da Marinha. Eles vão patrulhar 27 comunidades do Grande Rio e a cidade de Campos, no interior do estado. A ocupação será itinerante, de modo que as tropas só ficam três dias em cada comunidade, à exceção de Campos.
Até o final da manhã, a situação na zona oeste, que tem três favelas ocupadas, estava tranqüila. O comércio e as escolas funcionavam normalmente. O Exército, responsável pela área, não registrou nenhum tipo de ocorrência. Já os fiscais da Justiça Eleitoral recolheram faixas e bandeiras consideradas irregulares.
No primeiro dia, foram ocupadas sete comunidades do Rio de Janeiro: Cidade de Deus, Rio das Pedras e Gardênia Azul, todas na zona oeste, e Vila do João, Vila dos Pinheiros, Conjunto Esperança e favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, além de Campos. As comunidades da Maré ficarão a cargo dos Fuzileiros Navais e as demais, do Exército.
As outras comunidades que terão presença das Forças Armadas são as seguintes: Vila Aliança, Taquaral e Coréia, Rocinha e Vidigal, Jacarezinho, Antares, Carobinha e Barbante, Lixão e Gramaxo, Pilar e Beira Mar, Acari, Amarelinho e Sapo, Salgueiro (São Gonçalo), Alemão e Vila Cruzeiro.
A escolha das localidades foi feita pelo TRE, depois que políticos e jornalistas foram intimidados por homens do tráfico ou de milícias, que apóiam seus próprios candidatos.