No RS, pichação do DCE causa polêmica e mobiliza a mídia
Não bastou a lata de tinta aplicada sobre uma inscrição não-autorizada em uma parede da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para apagar a polêmica que sacudiu a instituição no mês passado. Trinta dias após a frase “Para que(m) serve o teu co
Publicado 25/09/2008 19:48
Hoje, quem passa diante da parede do Instituto de Letras no Campus do Vale consegue vislumbrar o questionamento, a camada de tinta aplicada por um grupo de alunos para tentar esconder a pintura anterior e, por cima de tudo, um cartaz onde se lê “censurado” – uma referência ao ato que procurou borrar a frase desenhada pela estudante Juliane da Costa Furno.
Quem desejar conferir uma sósia da grafitagem pode encontrá-la na parede da sede do DCE, localizada no Campus da Saúde. Como o diretório conta com três sedes – no Centro, no Campus da Saúde e no Campus do Vale – os coordenadores da entidade decidiram perpetuar o questionamento nas paredes sob sua responsabilidade.
''Queremos levar o debate adiante'', argumenta o coordenador-geral do DCE, Rodolfo Mohr. Alunos que não concordaram com a utilização do patrimônio da UFRGS para a manifestação de colegas, além de tentarem apagar o grafite, encaminharam o assunto para análise do Ministério Público Federal.
Além do conflito político, a frase também desperta reações divergentes em quem a lê. Para o acadêmico de Letras Fernando Vieira, 25 anos, ela peca pela obviedade. ''Quem entra na universidade já deve saber para o que vai servir o seu conhecimento'', observa.
Para a aluna do mestrado em Administração Flávia Pereira, 29 anos, a provocação vai além: ''serve tanto para os alunos quanto para os gestores. Do conhecimento gerado aqui, uma instituição pública mantida pela sociedade, o que beneficia a comunidade?'', alega.
Se o debate promete se prolongar, o diretor do Instituto de Letras, Arcanjo Pedro Briggmann, pretende ao menos dar fim à poluição visual na parede do Campus do Vale. Ele planeja destinar o local a uma obra de arte.
Entenda o caso
– A aluna Juliane Furno, integrante do DCE, pintou a frase “Para que(m) serve o teu conhecimento?” na parede externa de um prédio no Campus do Vale da UFRGS.
– O estudante Anderson Gonçalves, integrante do Movimento Estudantil Liberdade, acredita que o ato se tratou de dano ao patrimônio público, por ter sido feito sem autorização da instituição.
– A Secretaria de Assuntos Estudantis concluiu que a inscrição não era pichação, mas um “ato de extremo instigamento ao pensamento crítico, eivado de indagação filosófica que não desmerece o patrimônio”.
– Ao vir à tona o caso, estudantes contrários à inscrição utilizaram latas de tinta e pincéis para tentar apagá-la da parede, definindo tratar-se de uma pichação.
– Anderson Gonçalves ainda encaminhou o caso ao Ministério Público Federal, pedindo providências, mas ainda não recebeu resposta.
– O diretor do Instituto de Letras, Arcanjo Pedro Briggmann, que criticou o fato de não ter sido ouvido no processo, pretende substituir, em um mês, a sucessão de pinturas na parede por uma obra de arte, em parceria com o Instituto de Artes da UFRGS.
Fonte: Zero Hora