Voz das ruas: só Manuela ameaça reeleição do prefeito
No Largo Glênio Peres, Centro de Porto Alegre, o Vermelho conferiu opiniões dos cabos eleitorais do candidato à reeleição para a prefeitura, José Fogaça (PMDB), sobre as eleições na capital. O local abrigou a caminhada de reta final da ca
Publicado 01/10/2008 14:54
De boné, camiseta branca, calça jeans, adesivos e uma bandeira de seu candidato a vereador e marido, a advogada Sueli* argumenta por Fogaça. Quando questionada sobre quem seria o adversário mais difícil para a vitória do prefeito num segundo turno, responde: ''A Manuela.'' Por quê?. ''Porque resolveram que ela é boa. Ela agrada, ela é muito carismática'', finaliza com preocupação.
De dentro de um boneco de campanha, Gelson conta que começou a militar desde que seu candidato a vereador o chamou para trabalhar na prefeitura. ''Sou amigo do meu candidato e do Fogaça. Peço voto pelo que ele fez e vai continuar fazendo''.
A frase é um slogan da campanha do prefeito e apareceu constantemente como justificativa de voto dos seus cabos. Surge a pergunta e de novo a mesma resposta: ''num segundo turno, a Manuela é a adversária mais complicada para o Fogaça. Ela é uma candidata forte'', conclui Gelson.
Do outro lado do largo, estava Mario. O designer balança a bandeira de seu vereador, da coligação liderada por Onyx (DEM). Logo se junta a Mario o seu candidato a vereador, e com ele mais cabos eleitorais.
Sobre o segundo turno, reflete o candidato: ''historicamente, aqui no RS é difícil saber quem ganha eleição. Em 2004, só dava [Germano] Riggoto e o Fogaça venceu. Porto Alegre é a cidade mais opositora do estado. Não vejo clima para que se quebre a tradição de nunca um governante se reeleger. Onyx ou Manuela podem ganhar de Fogaça. Embora não subestime o PT, eu acho difícil para eles porque há uma rejeição muito grande'', conclui.
Contraditório preconceito
Ao sair do Largo em direção a Borges de Medeiros estava um carro, com uma grande bandeira de Marchezan (PSDB). Ao lado do carro outro candidato a vereador pedia votos. Ele se apresenta.
''Sou jornaleiro e produtor, esta é a segunda vez que sou candidato. Saí do PDT e vim para o PSDB porque vi na direita uma espaço para trabalhar a questão da igualdade no movimento negro.''
Quem poderia derrotar o prefeito Fogaça num eventual segundo turno? ''Eu acho que é o PT, ele tem a estratégia de campanha. A Manuela é uma boa candidata, gosto dela, mas não tem experiência''. A resposta cai numa estranha contradição, já que o ''vereador da igualdade'' está na chapa do segundo mais jovem candidato à prefeitura – Marchezan tem 36 anos.
Entre o velho e o novo
Com pouco brilho Rosário realizou seu último comício nesta segunda (29). O comício que encerrará o primeiro turno na capital gaúcha será o de Manuela, nesta quarta (1º de outubro), no mesmo Largo Glênio Peres.
A mobilização da reta final coincidiu com o direito de resposta conquistado na Justiça pela sua coligação, na noite desta terça. Manuela terá um minuto do programa eleitoral do prefeito.
Se no Rio de Janeiro e em São Paulo a eleição foi marcada pelo pouco debate entre os candidatos, no Rio Grande do Sul, e apenas na TV, oito debates aconteceram – incluindo o último que será do grupo RBS (a Globo no RS) nesta quinta (2).
Das surpresas que Porto Alegre costuma dar nas eleições há apenas uma certeza: 2008 é eleição da presente disputa entre o passado e o futuro. Se quebrar a tradição de renovação, reelegerá o prefeito. Se apostar no novo, elegerá a mais jovem prefeita de sua história. De fato, a antiga disputa viciada das oligarquias políticas nos pampas está por um fio.
*Nome fictício. A identidade verdadeira foi ocultada para evitar constrangimentos aos entrevistados.
Leia também:
– Pesquisa Index: Fogaça e Manuela disputam segundo turno
De Porto Alegre,
Carla Santos