Luis Favre: a 'Folha' e a nossa vida privada

Em abril de 2001, a Folha de S.Paulo, onde pontificam Clovis Rossi e Jânio de Freitas, foi responsável por publicar uma peça publicitária de autoria do Sr. Cláudio Humberto que reproduzo a seguir. O autor da publicidade pagou para a Folha

Nem Clovis Rossi, nem Jânio de Freitas, nem nenhum dos editorialistas do jornal fizeram nenhum comentário, após a publicidade ter sido publicada na Folha, em página nobre. Só o ombudsman, na época, considerou que a Folha “errou”.


 


A peça abjeta não insinuava nada, não induzia nada, proclamava uma violenta ofensa à honra, à privacidade e com terrível dano moral.


 


Eu afirmo: a Folha foi a primeira responsável para a campanha que durante os sete anos seguintes foram feitos contra Marta e contra mim.


 


Idelber Avelar, no artigo que reproduzi aqui ontem (“Homofobia e falsa indignação”), ficou tão chocado, que se recusou a linkar o conteúdo. Eu o reproduzo para vocês saberem com quem estamos lidando em matéria de ética.


 


O juiz que condenou a Folha em primeira instância (o processo continua porque a Folha não aceitou a sentença e recorreu) diz na sua sentença contra a Folha:


 



“Vale lembrar que a ré (Folha) publica o jornal de maior circulação do país e é lamentável que se preste a vender o espaço no jornal para publicação de matéria puramente ofensiva a honra alheia e sem qualquer interesse público.


 


Por ter publicado o ‘informe publicitário’, mediante remuneração, sabendo do seu conteúdo vastamente contaminado por grosserias e ataques à honra do autor, inevitável a condenação da ré (Folha) a indenizar o autor pelo dano moral suportado.”


 


O juiz acrescenta, justificando o valor da indenização, que isso “desestimula a ré (Folha) de prosseguir na publicação de 'informes publicitários' ofensivos a honra alheia.”


 


Reitero, nenhum dos hipócritas defensores da “vida pessoal” hoje, escreveu nunca uma mísera linha contra a Folha e em nossa defesa.


 


A Folha foi a responsável, reproduzindo na suas páginas o repugnante texto contra Marta, na época a prefeita de São Paulo, e contra mim, cheio de mentiras e ofensas, por uma boa parte da famosa “rejeição” que ajudou a propagar nas suas páginas.


 


Até hoje ela não se desculpou, nem reconheceu sua responsabilidade e ainda está recorrendo da sentença.


 


Clovis Rossi não sentiu asco. E o gigantesco movimento em defesa do respeito à vida privada de Kassab, ficou calado perante a ignomínia.


 


Onde estavam os indignados de hoje?


 


Luis Favre


 


PS – Por que a Folha não reproduz este meu texto e o conteúdo do “informe publicitário” e volta a falar de respeito à vida pessoal?


 


A seguir o texto publicado como “Informe Publicitário” na Folha de S.Paulo em 21 de abril de 2001.