Movimentos sociais pedem a demissão do comandante da BM
Depois de vários atos de repressão contra os trabalhadores desde o início do governo tucano no RS, as centrais sindicais e a CMS resolveram dar um ''basta'' e pediram a demissão do comandante geral da BM, Coronel Paulo Roberto Mendes.
Publicado 04/11/2008 16:20 | Editado 04/03/2020 17:11
A solicitação ocorreu em audiência pública que se realizou nesta segunda (03) na Assembléia Legislativa. Entre os fatos citados pelos sindicalistas estão a manifestação contra a emenda 3, em Caxias do Sul, na qual dois sindicalistas foram presos; o ato reivindicatório dos comerciários em Farroupilha, que resultou em três trabalhadores hospitalizados, e o encerramento da Marcha dos Sem, no dia 16 de outubro, quando a repressão atingiu com força os participantes do protesto.
A manifestação pública na Assembléia foi organizada pelas centrais sindicais (CTB, CUT, Conlutas e Intersindical) e Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e contou com a presença de diversas autoridades e centenas de militantes da cidade e do campo. O alvo principal foi a denúncia da política de criminalização dos movimentos sociais, promovida pelo Governo de Yeda e comandada pelo coronel Paulo Roberto Mendes.
Mendes vem se notabilizando também por comandar atos de repressão contra ações e protestos de movimentos sociais e sindicalistas. Admiradora do trabalho do coronel, a governadora Yeda Crusius (PSDB) não quer nem ouvir falar em substituí-lo. Para Mendes, vale a máxima de Filinto Müller, de que os movimentos sociais são casos de polícia. Além disso, em 2007, defendeu que os cidadãos deveriam começar a reagir aos assaltos, contrariando as recomendações da própria polícia que não aconselham esse tipo de comportamento.
Durante o Ato, os Movimentos Sociais do RS apresentaram um Manifesto, onde destacam que a ação truculenta que vem sendo promovida pela Brigada Militar tem o objetivo de calar os que se levantam contra a política neoliberal de Yeda e exigem o fim da repressão e violência contra os movimentos sociais, a garantia de livre manifestação e a imediata exoneração do Comandante Geral da BM, coronel Paulo Roberto Mendes.
Além disso, afirmam que não irão se dobrar e recuar do direito democrático de luta em defesa de bandeiras históricas dos trabalhadores. ''Não há nenhum tipo de repressão que possa conter o sonho de uma sociedade democrática'', afirma o documento, porque ''a causa dessas entidades é nobre, justa, democrática, libertária e transformadora''. O Manifesto encerra dizendo que a ''esperança é rebelde, livre e inovadora'' e afirma que não há repressão que calará os movimentos organizados no Rio Grande do Sul.
CTB quer mudança na relação com os movimentos sociais
Para o presidente da CTB RS, Guiomar Vidor, o estado está sendo instrumento para defender a propriedade privada e em contrapartida trata os movimentos sociais com cacetetes, bombas e balas de borracha. Vidor informa que a CTB pede, além da exoneração do comandante da Brigada Militar, a mudança do comportamento do estado em relação aos movimentos sociais. “A unidade das centrais e da coordenação dos movimentos fortalece o enfrentamento contra a política do governo do estado”, afirma o presidente da CTB gaúcha.
Vidor declara ainda que a CTB repudia a iniciativa do deputado estadual Cássia Carpes (PTB) que propõe a proibição das manifestações nas áreas próximas ao palácio do governo estadual.
Outra informação de Vidor é que a CTB entregou, no último dia 31, documento ao ministro Tarso Genro solicitando o apoio para a mudança da atual legislação para que os militares sejam julgados por tribunais civis. Vidor que também é presidente da Federação dos Comerciários, garante que os movimentos sociais não vão recuar no livre direito de manifestação democrática por uma sociedade justa e igualitária.
De Porto Alegre
Sônia Corrêa, colaborou Márcia Carvalho