Obama e o banditismo empresarial da AIG
A partir do apelo de um dos congressistas mais críticos dos “paraquedas de ouro” para bancos e seguradoras, o presidente Barack Obama ordenou nesta segunda-feira (16) que o secretário do Tesouro, Timothy F. Geithner, tome as medidas legais para i
Publicado 16/03/2009 19:40
“Nos últimos seis meses, a AIG recebeu substanciais somas do Tesouro dos Estados Unidos”, disse Obama, preparado para combater a gigante dos seguros que recebeu uma quantidade de dinheiro federal para socorrer-se que é inquietantemente semelhante à cifra destinada a bônus para seus executivos.
“Todas as vias legais “
A AIG tenciona pagar a seus executivos US$ 165 milhões em bônus, quando recebeu $ 170 milhões do governo federal.
Sentindo que um assalto poderia estar acontecendo, Obama encarregou Geithner de bloquear o que parece um caso de banditismo empresarial.
O presidente disse ao secretário do Tesouro “para usar a iniciativa e buscar todas as vias legais para bloquear esses bônus e restituí-lo aos contribuintes americanos”.
A denúncia do senador Feingold
Foi precisamente esta a atitude solicitada à Casa Branca pelo senador pelo Wisconsin Russ Feingold, um veterano advogado e membro do Comitê Judiciário do Senado, que pediu o uso de uma estratégia jurídica em relação ao grupo.
Feingold começou pressionando Geithner, após pormenores sobre os bônus da AIG se tornarem públicos, pedindo que explorasse opções legais para cancelar os bônus, recuperar o dinheiro junto aos beneficiados, ou processar os executivos por violação de seus deveres fiduciários para com os accionistas da AIG.
Em uma carta a Geithner, o senador escreveu:
“Estou profundamente perturbado por relatos de que o American International Group pretende pagar cerca de US$ 165 milhões em bônus aos seus executivos. Como sabem, o governo federal entregou à AIG US$ 170 bilhões em dinheiro do contribuinte, e detém atualmente 80% da empresa. Partilho de sua indignação ao ver uma empresa socorrida de seus erros pelos contribuintes pagar a seus executivos uma tão exorbitante soma de dinheiro.
“Os relatórios sugerem que o presidente da AIG alega estar legalmente obrigado a pagar todos esses bônus. Escrevo para perguntar por que razão qualquer bônus seria legalmente requerido, tendo em conta o péssimo desempenho da empresa. Além disso, gostaria de saber quais opções legais foram exploradas para cancelar o bónus ou recuperar o dinheiro junto aos beneficiados e, em especial, se o governo considerou a possibilidade de levar os executivos da AIG ao tribunal por qualquer violação de seus deveres fiduciários para com os acionistas.”
A defesa da AIG, ridícula, insultante
Feingold, um entre um punhado de senadores espertos o bastante para oporem às operações de salvamento sem controle, rechaça a ridícula – e, francamente, insultante – defesa do bônus pela AIG.
A seguradora diz que o dinheiro é necessário para atrair “talentos”. Feingold responde:, “Uma vez que alguns dos beneficiados por estes bônus pode ter sido responsáveis por práticas que levaram a empresa à beira do colapso – prejudicando o sistema financeiro –,- tenho a certeza de que muitos americanos irão questionar se eles são, de fato,”os melhores e os mais brilhantes” e se merecem esse nível de compensação subsidiada pelo contribuinte”.
Esta é a análise certa, observa Feingold. “O presidente Obama está fazendo a coisa certa, ao buscar todas as opções legais para cancelar essas gratificações”, diz o senador. “Num momento em que milhões de americanos estão perdendo os seus empregos e tentando fazer face às despesas, é escandaloso que uma empresa que tenha sido socorrida pelos contribuintes devido a seus erros pague a seus executivos essa exorbitante soma de dinheiro”.
Apenas o primeiro passo
O gesto de Obama sinaliza que sua administração será mais séria que a de George Bush quando se trata de apresentar a conta aos maus banqueiros.
Isso é uma boa notícia. Mas Feingold, o senador ppor Vermont Bernie Sanders, o congressista progressista-populista Marcy Kaptur (Ohio) e outros críticos da operação de socorro não descansam.
O bloqueio dos bónus da AIG é apenas o primeiro passo no sentido de pôr fim à negligência bipartidária [no sentido de demmocrata e republicana] para com a economia real e estabelecer a verdadeira responsabilidade pela gestação, nas últimas décadas, da crise que se espalhou de Wall Street para Main Street [“Rua Principal”, usada hoje nos EUA como sinônimo da economia real].
* Fonte: http://www.thenation.com; intertítulos do Vermelho