Perpétua cobra mais respeito do Ibama a comunidades rurais e urbanas do Juruá
A deputada se valeu de reclamações oficiais recebidas durante a reunião da Bancada Federal na cidade.
Publicado 17/03/2009 11:41 | Editado 04/03/2020 16:10
“Nunca, na história de Cruzeiro do Sul, a atuação de um órgão público causou tantos desgastes para o governo federal e o governo do estado, como tem sido a gestão do coordenador do Ibama no município”.
Foi com esta frase que a deputada Perpetua Almeida se dirigiu na sexta-feira passada ao coordenador do IBAMA, Marcio Venicio Lima, presente na reunião da bancada federal, juntamente com os prefeitos, vários deputados estaduais, vereadores, secretários municipais e lideranças populares.
A deputada exigiu do coordenador mais respeito, mais atenção e dedicação com o povo simples daquela região que tem procurado o IBAMA e saem reclamando de humilhações.
Humilhações estas a pequenos produtores, ribeirinhos e seringueiros; além da ostentação de armas de fogo em via pública, numa ação ilegal para intimidar e atemorizar as pessoas. Comportamentos assim caracterizam o abuso de autoridade cometido constantemente pelo coordenador.
A denúncia, reafirmada pelas associações de pescadores e marceneiros de Cruzeiro do Sul, compromete seriamente a função social do Coordenador do Ibama no Vale do Juruá e também foi alvo de um pronunciamento da deputada Perpétua Almeida, na tarde de ontem, em Brasília, no Congresso Nacional.
A deputada se valeu de reclamações oficiais recebidas durante a reunião da Bancada Federal na cidade, ocorrida sexta-feira passada.
“Aqui nós não somos fiscalizados. Nós somos perseguidos”, disse Elenildo de Souza, presidente da Colônia de Pescadores de Cruzeiro do Sul. “Somos chamados de bandidos. Até revólver já puseram na cabeça da gente”, afirmou João Evangelista Neto, que preside a Associação dos Marceneiros da cidade.
“Eu queria dizer o que o povo do Juruá não teve a oportunidade de falar. Vou acompanhar cuidadosamente a ação do coordenador do Ibama em Cruzeiro do Sul. Se nada melhorar, serei obrigada a pedir uma intervenção naquele órgão”, afirmou ela. “Precisamos de pessoas que atendam o povo com o respeito que ele merece”, disse a deputada.
O período proibitivo para a pesca acabou no domingo. No entanto, os fiscais do Ibama passaram a segunda-feira apreendendo pescados nos rios da região, segundo informou a Associação dos Pescadores. “O nosso material é tomado, na marra, e tocado fogo. E eles nem emitem auto de infração. Isso é um absurdo. Até os barcos e motores que eles se apossaram são usados a serviço do Ibama, sem autorização judicial”, disse Elenildo de Souza. Eles lembram que na Semana Santa do ano passado 16 toneladas de pescados foram apreendidos, sob a alegação de que os peixes haviam sido capturado fora do prazo. As denúncias revelam que o mesmo peixe foi comercializado por terceiros com ordens do Ibama.
Um caso de humilhação envolveu um agricultor que arrastava palhas para cobrir sua pequena casa num carro de boi. O carregamento foi considerado irregular pelo coordenador do Ibama e, em seguida, levado para ser incendiado.
O setor moveleiro de Cruzeiro do Sul tinha a intenção de reaproveitar a madeira que o governo autoriza ser desmatada (20% para formação de roçados). Mas o coordenador do Ibama resistiu e mais uma vez agiu abusivamente, segundo conta o representante da categoria: “eles preferem queimar mas não deixam que a gente reaproveite a madeira”, disse ele.
A deputada alertou para a necessidade de campanhas de conscientização. As campanhas educativas, cujos recursos são religiosamente destinados nos orçamentos do Ibama, devem chegar aos produtores para minimizar os impactos e conflitos na relação do governo com os agricultores, afirmou a deputada Perpetua Almeida.