Papa volta a defender na África veto a preservativos
O papa Bento 16 criticou nesta terça-feira (17) o uso de preservativos na luta contra a Aids, insistindo em defesa da posição da igreja católica. A declaração foi feita no início de uma visita à África, onde mais de 25 milhões de pessoas morreram em de
Publicado 17/03/2009 19:38
Durante a viagem de ida a Camarões, primeira escala de sua visita à África, o pontífice opinou que a doença “é uma tragédia que não pode ser superada com o dinheiro nem com a distribuição de preservativos”. Em seguida, agregou que a “prevenção adequada” da Aids requer “uma grande atenção e uma renovação moral no comportamento humano”.
Após uma recepção tumultuada na capital de Camarões, o pontífice declarou que a população do continente “sofre por causa da escassez global de alimentos, da crise mundial e das mudanças climáticas”.
Em relação à Aids, considerou que “não pode ser superada pela distribuição de preservativos”. “Pelo contrário, eles aumentam o problema,” insistiu, sem apresentar evidências. Desde sua escolha para o cargo, em 2005, Bento 16 se pronunciou várias vezes contra o uso de preservativos, mas não de forma tão explícita quanto nesta terça-feira.
A igreja acredita que a fidelidade dentro do casamento heterossexual, a castidade e a abstinência são as “melhores formas” de evitar a Aids. O Vaticano não aprova o uso de preservativos, mas alguns líderes eclesiásticos têm defendido seu uso em alguns raros casos, como em casais heterossexuais em que só um dos cônjuges tem a doença.
Num momento em que o número de católicos vem diminuindo nos países desenvolvidos, a África é considerada vital para o futuro do catolicismo. Mas a relação não é isenta de polêmicas, especialmente a respeito do uso de preservativos.
O secretário-geral da associação ActionAid na Itália, Marco de Ponte, se mostrou contrariado com a opinião do papa. Para ele, “o preservativo ainda é uma arma decisiva para a prevenção do vírus da Aids”.
“Bento XVI se opõe ao uso do preservativo, mas não podemos esquecer como ele ainda é uma arma decisiva para a prevenção, pois reduz drasticamente as possibilidades de se contrair o vírus durante a relação sexual”, afirmou.
De Ponte também recordou que “o vírus HIV é a primeira causa de morte na África e a quarta no mundo”.
Segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, existem hoje no mundo cerca de 33 milhões de portadores do vírus HIV. Destes, cerca de dois terços estão na África Subsaariana — o equivalente a 22,5 milhões de pessoas.