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Sonegação leva dona da Daslu de volta à prisão

A empresária Eliana Tranchesi, dona da megabutique Daslu, presa pela Polícia Federal em sua residência, na zona sul de São Paulo, foi levada na manhã desta quinta-feira (26) para o Presídio Feminino do Carandiru, na zona norte de São Paulo. Eliana foi

Além da dona da butique foram presos pela PF o irmão de Eliana e diretor-financeiro da Daslu, Antonio Carlos Piva de Albuquerque, e o empresário Celso de Lima, da importadora Multimport. Os dois últimos, de acordo com a PF, foram levados para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros.



Nesta quinta-feira, a PF cumpre sete mandados de prisão e outros sete de busca e apreensão contra os condenados. Ainda não há informação de outras prisões.



As prisões foram realizadas em cumprimento de sentença judicial condenatória da 2ª Vara da Justiça Federal, em Guarulhos (Grande SP).


 


O MPF pediu a condenação do grupo em abril do ano passado por sonegação fiscal (descaminho), formação de quadrilha e falsificação de documentos após a conclusão das investigações da operação Narciso, deflagrada em 2005.


 


Na ocasião, o país passava por uma crise política, na qual o governo Lula era acusado de envolvimento no esquema conhecido como “mensalão” e a oposição de direita alegou que a Operação Narciso era uma manobra para desviar a atenção da opinião pública do foco da crise política. Mas os desdobramentos da investigação mostram que os crimes financeiros praticados pela alta elite paulistana são uma realidade subterrânea de grande envergadura. E não se limitam ao caso da Daslu. Nesta semana, a poderosa construtora Camargo Corrêa também foi alvo de uma operação da Polícia Federal que revela que a corrupção está entranhada nos meios empresariais e só têm sido revelados à sociedade graças ao trabalho isento da Polícia Federal.


 


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Por meio de nota, a defesa da empresária informou que deve entrar ainda nesta quinta-feira com um pedido de habeas corpus. De acordo com a advogada da Daslu, Joyce Roysen, a defesa ainda procura ter acesso à sentença. ''Estamos certos de que Eliana Tranchesi terá sua liberdade imediatamente devolvida pelo Poder Judiciário'', disse Roysen.


 


O IML (Instituto Médico Legal) confirmou que Tranchesi fez exame de corpo de delito na manhã desta quinta-feira. Depois disso, ela foi conduzida provisoriamente ao presídio feminino do Carandiru na zona norte da capital paulista.



O caso



A crise da loja mais luxuosa do país começou em julho de 2005 com uma megaoperação (chamada Narciso) da Polícia Federal e da Receita Federal, que resultou na detenção, por 12 horas, de Eliana Tranchesi e na apreensão de documentos. À época, Antonio Carlos Piva de Albuquerque, irmão de Eliana, ficou preso por cinco dias, sendo liberado e preso novamente em 2006.



A maior butique de luxo do país é acusada de importação irregular. A empresa teria construído um esquema para subfaturar importações com o objetivo de sonegar impostos.



No esquema, a Daslu seria a responsável pela negociação, compra, escolha e pagamento de mercadorias no exterior e, após tais atos, entravam em cena as importadoras (''tradings''), que eram responsáveis pela falsificação de documentos e faturas destinados a permitir o subfaturamento do valor das mercadorias.



Em dezembro de 2005, na esteira da investigação, a Receita apreendeu R$ 1,7 milhão em bolsas das marcas Chanel e Gucci importadas pela Columbia. Etiquetas da trading estariam sobrepostas às da Daslu no contêiner que foi fiscalizado pela Receita. Ao ocultar o nome da Daslu, a loja deixaria de ser contribuinte de IPI (Impostos sobre Produtos Industrializados) de 10% sobre o valor da venda do produto. Só esta suposta sonegação alcança ao menos R$ 330 mil.



Durante o processo, a defesa de Eliana Tranchesi e Piva de Albuquerque jogou a responsabilidade pelo esquema para as importadoras, alegando que os irmãos nada sabiam.



Autoridades americanas, porém, obtiveram das empresas Marc Jacobs, Donna Karan e Ralph Lauren as faturas originais de venda de mercadorias à Daslu, atestando inúmeras negociações realizadas por tais grifes diretamente com a butique brasileira, além dos preços reais praticados.



Em outro capítulo do caso, em abril de 2008, o Ministério Público Federal em Guarulhos pediu a condenação de sete envolvidos no suposto esquema de importações fraudulentas. No processo, foram pedidas as condenações de Tranchesi, de seu irmão e cinco donos de quatro importadoras. Na ocasião, Joyce Roysen, advogada da empresária, afirmou que as provas de acusação são ''escassas e insuficientes'' para a condenação dos acusados.



Fonte: UOL