Bigardi quer mais da Alesp que “uma queda de braço PT-PSDB”
O governo Serra tem “uma postura recuada”, é “fechado” e “quando não há participação popular o governo perde qualidade”. A avalição é do recém-empossado deputado estadual paulista Pedro Bigardi (PCdoB), para quem “é muito pouco” a Assembléia “ficar só num
Publicado 26/03/2009 19:56
O engenheiro civil Pedro Bigardi, nascido e morador há 49 anos em Jundiaí (350 mil habitantes, a 60 km da capital), tomou posse na como deputado estadual nesta segunda-feira (23), por determinação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), depois de ter sido preterido na ordem de suplência pelo então presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, Vaz de Lima (PSDB), que empossara Carlos Neder (PT).
Bigardi foi candidato à Prefeitura de Jundiaí em 1996, em 2000 e 2004 e novamente no ano passado. Foi também candidato a deputado estadual em 2006, ainda pela legenda do PT, com 51.741 votos. Entrou no PCdoB em 2007. Veja a entrevista:
Vermelho-SP – A Folha de S.Paulo divulgou nesta quarta-feira (5) que o governador José Serra caiu do terceiro para o quinto lugar no ranking dos 10 governadores pesquisados. Como avalia esta colocação? Como avalia o governo Serra?
Bigardi: O governo Serra tem um problema sério presente também em outros governos tucanos: É um governo fechado à participação dos movimentos sociais e inclusive da própria Assembléia Legislativa.
Quando não há participação popular o governo perde qualidade, e isto não é apenas uma questão de ordem ideológica. Exemplo: a política habitacional do governo é completamente equivocada, sem clareza quanto à distribuição de recursos de acordo com a demanda; a relação dos beneficiados também padece deste problema. Isso influencia na qualidade do serviço prestado. Se os movimentos de moradia fossem ouvidos isso poderia ser muito diferente. São Paulo é um estado forte e rico, que poderia fazer muito mais pela população se o governo fosse mais democrático.
Este estilo revela que se trata de um governo preocupado em atender aos interesses da elite e não em resolver os problemas da população. Hoje mesmo eu ouvi no rádio o Serra dizer que ainda está avaliando o plano habitacional do governo federal para São Paulo. Porque isso? O projeto terá alto impacto para a população, ajudará a combater o desemprego. Mas ele tem esta postura recuada devido a suas divergências com o governo federal. Isto não é a postura de um governo preocupado com a população.
Também falta mais ousadia na forma de governar, com mais descentralização e democracia. É por tudo isso que a avaliação do governo caiu. E poderia ter caído muito mais se não fosse a forte blindagem do governo pela mídia.
Vermelho-SP – Como vê o a candidatura de Serra à presidência nas eleições de 2010?
Bigardi: Para começar eu tenho dúvida sem ele vai levar mesmo esta candidatura até o fim. Ele enfrenta um sério problema interno em seu partido, o PSDB. O Aécio Neves tem mais amplitude, tem conquistado maior liderança do que ele. Além disso, se a candidata do PT, Dilma Roussef continuar crescendo não sei se ele terá fôlego para continuar na briga. Mas se esta candidatura se consolidar, temos que ter um projeto consistente das esquerdas, para que não haja retrocesso. E Serra seria um grande retrocesso.
Vermelho-SP – Como avalia o papel da Assembléia e sua relação com o governo Serra?
Bigardi: Estou apenas há algumas horas aqui na Assembléia. Mas já deu para constatar que a base aliada da Assembléia também ajuda a blindar o governo, coloca-se quase como um apêndice do mesmo. A ponto de impedir que haja um debate sadio e democrático em torno de questões candentes. Eu gostaria que partidos como o PV, o PDT, o PSB e o PPS tivessem mais espaço no cenário político. São partidos tradicionais, importantes, que têm o que dizer e que precisam de mais espaço. A Assembléia não pode ficar só numa queda de braço Entre PT e PSDB. É muito pouco.
Vermelho-SP – Como avalia sua candidatura a prefeito de Jundiaí no ano passado?
Bigardi: Foi a campanha mais prazerosa que já fiz. Estabeleceu-se uma relação política de alto nível na coligação (PSB, PDT, PPS e PCdoB) que se refletiu também nas relações pessoais. A plataforma de governo foi construída democraticamente com a participação de todas as forças, diferentes entre si, mas com objetivos comuns. Tive 67.931 votos (35, %). A coligação elegeu dois vereadores. A campanha deu visibilidade ao PCdoB no cenário político da cidade. Foram seis mil votos de legenda. Por tudo isso, embora eu não tenha sido eleito, acho que tivemos um belíssimo resultado. Também gostaria de destacar a forte presença da direção estadual do Partido, que imprimia consistência e confiança à campanha.
Vermelho-SP – Como pretende orientar seu mandato? Quais são os próximos passos?
Bigardi: Estamos concluindo a montagem do gabinete e da liderança. Isso é muito importante para o PCdoB, porque passa a participar do Colégio de líderes. Como entrei no meio do mandato, estamos também analisando as comissões de que deveremos participar, como meio ambiente, cultura ciência e tecnologia e esportes.
Vermelho-SP – Você militou 22 anos no PT. Porque ingressou no PCdoB?
Bigardi: O PT me deu formação política e ideológica consistente, voltada para a comunidade. Quero destacar em especial o papel do publicitário Erazê Martinho e de Antonio Galdino na minha formação. Mas infelizmente isto se esgotou. A partir de determinado momento a relação interna ficou ruim, não era uma relação de companheiros. Fui me sentindo excluído pelos diversos grupos atuantes dentro do PT. Diante disso, eu tinha que decidir parar com a vida partidária ou buscar uma alternativa. E o PCdoB foi a saída que encontrei, por sua trajetória de lutas e por seu programa político. Reconquistei a alegria de fazer política.
Vermelho-SP – Sua permanência na assembléia está assegurada? Como está o processo?
Bigardi: O TSE tomou a única atitude cabível: não havia processo por infidelidade partidária. A Assembléia foi absolutamente equivocada na lógica processual. Agora estamos num momento de estabilidade. Pretendo concluir com tranqüilidade meu mandato e inclusive garantir a reeleição em 2010, além de trazer novos companheiros do PCdoB para a Assembléia.
Fonte: Caderno Estadual Paulista do Vermelho
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