12º Congresso: novo Programa busca salto civilizacional
O PCdoB vive uma fase de grande vivacidade. Por todo país, comunistas de áreas diversas se reúnem para debater os documentos do 12º Congresso. A expectativa da direção é mobilizar todos os seus cerca de 240 mil membros, uma forma democrática de ouvir a
Publicado 29/06/2009 19:17
Estamos entrando num momento em que a ênfase da mobilização para o Congresso está nas plenárias de quadros, num processo que deve resultar na ativação da participação dos militantes e filiados. Qual a importância e os objetivos desses eventos e quais instrumentos devem ser utilizados pelas direções locais a fim de viabilizar e potencializar este processo?
É uma questão de dar o impulso inicial ao debate. A ideia é preparar os quadros para liderarem esse debate em todo o partido e na sociedade. São necessários milhares deles que compreendam bem o sentido dos projetos de resolução apresentados, a essência das questões envolvidas e as polêmicas existentes. E também que tenham grande capacidade de síntese e didática para facilitar o debate na militância. Esse é o primeiro momento, e deve ser cumprido até a primeira quinzena de julho, porque logo estarão se realizando as assembleias de base. Vou sugerir também que se faça, na direção nacional, uma apresentação sintética dos temas na forma de vídeo digital, para ser posta na internet, passível de ser passada a CD-ROM. Assim, se poderia utilizar isso para apresentação em cada sessão de debate, na base, entre o povo. Logo a seguir, o principal é mobilizar de fato, ampla e largamente, as assembleias de base e plenárias de militantes e filiados. Num outro momento, lá por agosto, vamos intensificar o debate com diversos setores da sociedade: o partido quer ouvir intelectuais, acadêmicos, cientistas, gente da cultura e da arte, líderes sindicais, etc. A opinião deles também é muito importante, pois estamos discutindo o futuro da nação.
Por que está sendo discutido um novo Programa Socialista e não uma atualização do que está em vigência?
É uma atualização sim, porque tudo está em movimento e o Brasil chegou a um ponto de sua trajetória muito singular: ou se afirma enquanto nação, ou está destinado a ter futuro incerto. E depois destes anos de novo ciclo político com Lula, as coisas estão mais promissoras, inclusive na América do Sul. Mas se pode dizer que é um novo Programa Socialista porque amadureceu o pensamento do PCdoB sobre os caminhos para tanto. Trata-se de lutar por ele no bojo de um amplo movimento de caráter nacional, popular e democrático. Vai exigir um novo poder político, unindo as forças avançadas do país. Essa é a visão mais dialética no novo Programa: a luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento como caminho brasileiro ao socialismo. Isso se apresenta como a condição para dar um novo salto civilizacional na construção da nação brasileira, e o socialismo é o coroamento necessário para isso, dada a inserção internacional do país e os laços que o atam aos interesses poderosos dos grandes círculos financeiros internacionais, particularmente norte-americano. Portanto, é uma nova visão da luta anti-imperialista, antilatifundiária e antioligarquia financeira dos tempos atuais.
Analisando os projetos de resolução política, em essência, o que eles trazem de especial? Que destaques aponta?
A ideia de que o Brasil pode dar um grande salto se alcançarmos uma terceira vitória do povo nas eleições de 2010. Essa é uma grande batalha; será um grande feito se alcançarmos isso, e terá influência também na América do Sul e em todo o mundo. A questão é que, com a crise, as forças de orientação neoliberal, amplamente hegemônicas nestes últimos 35 anos, estão às voltas com a crise capitalista e não devem sair ilesas nem rapidamente dela. Há um mundo em transição, de uma situação de hegemonia unipolar absoluta dos EUA, para uma situação de multipolaridade. Países emergentes como o Brasil, com orientação progressista e democrática, terão papel maior no mundo, e isso representa interessantes oportunidades para lutar por objetivos mais elevados de afirmação nacional. Enfim, a crise é um perigo, mas também abre oportunidades. Se os brasileiros souberem aproveitá-las, teremos maior autoconsciência e maior capacidade de defendermos os interesses nacionais, teremos um avanço promissor. É preciso coragem e visão estadista; e isso só com uma nova maioria política que atue nesse rumo. O problema é essencialmente político e o povo é o principal agente nessa direção.
Qual a importância da nova política de quadros para a governança partidária e para a formação de um partido ainda mais preparado para lidar com os novos desafios dos tempos atuais?
Essa é a questão de partido. Para conduzir uma luta dessa magnitude, de salto civilizacional do Brasil, de afirmação da nação e fortalecimento do Estado Nacional, de democracia profunda e progresso social para todo o povo, só tendo hegemonia de um bloco político de forças avançadas, com clareza e determinação. O PCdoB integra esse bloco, e se esforça por conquistar a direção política, intelectual e moral da luta que se trava na sociedade. Pois bem, isso só é possível com um partido muito grande e forte, consciente e unido em torno de seu programa. A alma dessa força são os quadros partidários, ou seja, militantes que, em função de seu papel concreto em cada momento, são os que têm maior consciência, disciplina, fidelidade ao programa. Ocorre que não se pode pensar em formar comunistas como antigamente – eram outras as condições, eram outros os desafios, era outra a maturidade do PCdoB. Então, como vão ser formadas as novas gerações, para a luta das próximas décadas? É a isso que o documento de política de quadros para as condições contemporâneas procura responder. Vamos revolucionar o modo como encaramos a própria edificação partidária.
Também faz parte deste momento estimular o partido a sair da ''calmaria'' pré-processo congressual. Estamos em meio ao processo em si e isso exige uma ''sacudida'' das direções locais. Que mensagem deixa neste sentido?
Que calmaria? A luta política segue acesa, apesar da falta de bandeiras da oposição, que apela de qualquer jeito. Há o projeto eleitoral em 2010 do PCdoB sendo discutido em todo o país. A luta sindical tem sua pauta, a juventude faz congresso da UNE… Enfim, está tudo em movimento. O Congresso não é parada, mas aceleração no meio disso tudo. O importante é saber inserir o debate do Congresso nesse movimento: como você diz, “sacudir a roseira” de todas as direções, com planejamento bem focado para mobilizar todos os membros do partido. São 240 mil em todo o país. Precisamos alcançar a todos, com assembleias de base, plenárias de militantes e filiados, instituir a Carteira Militante. Acho que vamos contar também com o próprio impulso dos militantes, que estão compreendendo tudo que está em jogo. Há enorme trabalho de finanças, formação e comunicação para o Congresso. De outra parte, a direção nacional está realizando reuniões em todos os estados para examinar a construção das futuras direções. No caso do Comitê Central, vamos levantar publicamente candidaturas em todo o país, de forma transparente e democrática. Minha mensagem é de que o PCdoB vive um bom momento, estou confiante de que vamos dar conta desse esforço.
De São Paulo,
Priscila Lobregatte
Leia aqui os documentos para o 12º Congresso
Atualizada às 10h50 do dia 30/06