Bancada Federal se reúne para discutir integração Ucayali-Juruá
A deputada Perpétua Almeida (PCdoB), que nasceu no município vizinho de Porto Walter, acessível somente de barco pelo rio Juruá ou por via aérea, declarou-se entusiasmada e certa de que a integração com Ucayali é certa e irreversível. “É incrível ver c
Publicado 30/06/2009 18:24 | Editado 04/03/2020 16:10
A Bancada Federal do Acre vai se reunir nesta quarta-feira, 01/06, para discutir uma agenda de ações que serão implementadas no sentido de agilizar os trâmites para concretização do programa de integração Ucayali-Juruá.
De acordo com o deputado Henrique Afonso (PT), coordenador da bancada, haverá uma concentração de esforços visando eliminar todos os obstáculos para que seja regularizado um voo entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa. Afonso lembrou que a integração via aérea é apenas o primeiro passo para um intercâmbio comercial, cultural e turístico entre as regiões de Ucayali e do Juruá.
“Nós somos quatro cruzeirenses na Bancada Federal e vivenciamos na pele o que significa o isolamento do resto do Brasil e temos ali pertinho um povo irmão, hospitaleiro e com grande potencial de comércio, principalmente de gêneros alimentícios tão caros na nossa mesa”, explicou Afonso.
A deputada Perpétua Almeida (PC do B), que nasceu no município vizinho de Porto Walter, acessível somente de barco pelo rio Juruá ou por via aérea, declarou-se entusiasmada e certa de que a integração com Ucayali é certa e irreversível. “É incrível ver como pudemos viver tanto tempo de costas um para o outro, como disse o presidente Lula na inauguração da ponte ligando Assis Brasil com Iñapari”, afirmou ela.
Para a deputada, o intercâmbio do Vale do Juruá com o nordeste do Peru, como está sendo articulado pela Aleac e outras instituições, é imprescindível para que o projeto Brasil-Peru não marginalize a região amazônica dos dois países.
“Se a sonhada integração se limitar a acompanhar o traçado das BRs (rodovias federais 364 e 317) o Juruá, o Sul do Amazonas, Ucayali e outros departamentos peruanos ficarão alijados deste intercâmbio ou fazendo um comércio ínfimo”, analisa Perpétua.
Outro cruzeirense da bancada federal, o deputado Ilderlei Cordeiro, viajou diversas vezes para Ucayali desde a adolescência. Segundo ele, a integração que hoje está sendo articulada institucionalmente já ocorria naturalmente na sua infância com povos dos dois países se visitando em datas festivas ou para fazer negócios. “Nós vamos eliminar todas as barreiras para que haja um voo regular entre Pucallpa e Cruzeiro, o que vai garantir não apenas bons negócios, como também uma alternativa para o turismo, pois daquela cidade até Lima, ida e volta, não custa mais do que R$ 300 na alta temporada”, informou Ilderlei.
Gladson Cameli, do PP, que também representa Cruzeiro do Sul na Bancada Federal do Acre, disse estar convicto de que não apenas Cruzeiro, mas todas as cidades que formam o Vale do Juruá irão se beneficiar com a compra de frutas, legumes, verduras e outros produtos produzidos no Peru, que podem ser comercializados a um custo muito menor que o atual. “Hoje, quando estamos no período de inverno e a BR -364 se torna quase impossível de trafegar, o quilo de tomate pode chegar a R$ 8,00, um absurdo. Por outro lado, os peruanos precisam de carne bovina que tem produção em grande escala no lado brasileiro da fronteira”, argumenta.
O deputado Fernando Melo (PT), que tem focado seu mandato em alternativas para o desenvolvimento da Amazônia, vê amplas perspectivas de intercâmbio tecnológico com o país vizinho, notadamente na produção. “Este intercâmbio não pode resultar em outra coisa que não o desenvolvimento socioeconômico de ambos os lados. Quando se propõe um relacionamento não se pode pensar em vantagens, mas, sim, em auxílio mútuo. É isso o que queremos desenvolver entre o Juruá e Ucayali e outros departamentos vizinhos”, explica Fernando Melo.
Sergio Petecão, do PMN, se disse confiante em que a integração da região do Juruá com o Peru depende apenas do empenho da Bancada Federal junto aos órgãos do governo, pois estímulos não faltam às duas populações para este reencontro. “Não entendemos porque este contato foi rompido por tanto tempo”, concluiu.
João Maurício