Belo Horizonte está longe das metas de saúde propostas pela ONU

A melhoria da saúde das gestantes é o principal desafio para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), até 2015.

A meta é reduzir em 70% a mortalidade entre as grávidas, passando de 43 casos para cada grupo de 100 mil, em 2007, para 13,3 por cem mil (meta da ONU).

Para o secretário de Planejamento de Belo Horizonte, Helvécio Magalhães, a dificuldade não atinge apenas a capital, mas todos os grandes municípios do país. “Apesar de todas as dificuldades que a cidade enfrenta, nós temos programas premiados de atendimento pré-natal e estamos investindo pesado para resolver essa questão antes do prazo de 2015”, alega.

Para a arquiteta e urbanista Alini Perdigão Vidal, 31 anos, grávida de cinco meses do segundo filho, a estrutura para as gestantes na cidade ainda é precária. “Muitas vezes, a grávida é obrigada a fazer parto normal, sem anestesia, e os hospitais não têm UTI neonatal para o caso de uma eventualidade”, diz. Segundo ela, a cidade também está pouco preparada para a locomoção de grávidas e pessoas com mobilidade reduzida. “Falta um espaço público mais preparado”, avalia.

Na opinião da cozinheira Jucilene de Souza Pinto, 30 anos, mãe de três filhos, o serviço de saúde em Belo Horizonte melhorou muito. “Agora exigem exames mais especializados, mais completos”, afirma.

Apesar das dificuldades, a prefeitura garante que vai conseguir atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Vários deles estão contemplados no plano de metas para 2030 e receberam cerca de 70% do orçamento (aproximadamente R$ 3,1 bilhões) da PBH em 2008.
As metas alcançadas e a cumprir foram discutidas no lançamento do Seminário Estadual da 3ª Edição do Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil, realizado ontem, em Belo Horizonte. O prêmio é uma iniciativa do Governo federal, que reconhece ações que convergem para a resolução das metas propostas pela ONU.

A PBH ganhou o prêmio em 2008, com o programa BH de Mãos Dadas contra a Aids e em 2005, pelo Programa Alimentar desenvolvido pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e Secretaria Municipal de Abastecimento.

Os Objetivos do Milênio colocam oito metas a serem alcançadas para melhorar as condições de vida da população no mundo. A erradicação da fome e da miséria, o fornecimento de educação básica e de qualidade, a igualdade entre os sexos e valorização da mulher, a redução da mortalidade infantil e a melhoria na saúde das gestantes, o combate à Aids, malária e outras doenças, o respeito ao meio ambiente e a união de todos pelo desenvolvimento são os eixos do projeto.

Para o prefeito Marcio Lacerda, a cidade avançou, mas ainda precisa avançar mais no cumprimento das metas estabelecidas. A educação é considerada a área mais promissora. De acordo com a prefeitura, a cidade está atingindo a meta de universalização da educação e deve chegar a 100% das crianças de zero a 5 anos na escola até 2012.

Essa é uma das propostas convergentes entre os Objetivos do Milênio e o Plano BHMetas 2030, desenvolvido pela prefeitura. “Estamos separando recursos para a erradicação da fome e redução da mortalidade infantil e, principalmente, saúde das gestantes. Belo Horizonte tem sido uma referência nessa caminhada, mas não podemos nos dar por satisfeitos”, diz o prefeito. Segundo Lacerda, a prefeitura ainda precisa investir no saneamento, com atendimento de 100% da população com rede de esgotos até 2015 .

Dentre as metas atingidas pela PBH divulgadas no Relatório de Acompanhamento Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Belo Horizonte 2008, destaca-se a diminuição da mortalidade infantil, de 47,4 casos por cem mil em 1994, para 13 em 2007. A meta era de 15,8.

Fonte: Jornal Hoje em Dia