Dilma: estou pronta para o que der e vier
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, comemorou nesta segunda-feira o anúncio oficial dos médicos de que está curada de um câncer e disse que, após vencer a luta contra a doença, está "pronta para o que der e vier". Questionada sobre se, após concluir o tratamento com sucesso, saía fortalecida para a campanha presidencial de 2010, ela resumiu: "o que aparecer na minha vida, acho que vou encarar". "Pronta para o que der e vier. Não sei para que, mas para o que der e vier", disse.
Publicado 28/09/2009 18:22
Nesta segunda-feira (28), os médicos responsáveis pelo tratamento divulgaram nota informando que a ministra está livre de qualquer sinal de linfoma. Em abril, Dilma foi operada no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para retirar um nódulo da axila. Ela foi submetida a sessões de radioterapia e quimioterapia.
"Acho que me fortaleci. Nesse processo, aprendi muito, principalmente a valorizar as coisas, a dar valor ao ato de viver. Acho que o que eu tirei de bom da doença é essa valorização da vida e essa certeza da imensa solidariedade que no Brasil as pessoas têm umas com as outras e o pouco preconceito que as pessoas tem quando se trata de prestar solidariedade, de chegar perto e falar para você 'olha, vai dar certo, pode apostar que vai dar certo'", comentou a ministra após participar da posse do novo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
De acordo com a ministra, após a conclusão do tratamento contra o linfoma detectado em sua axila esquerda, ela se fortaleceu e passou a dar atenção a pequenos detalhes, antes deixados de lado, como o "sol dourado" de Brasília. "Acho que me fortaleceu e a gente olha, dá mais valor a vida. Se você dava valor à vida, você passa a dar mais valor ainda.
"E quando falo que a gente dá valor às coisas minúsculas às maiores, o que quero enfatizar são as minúsculas e aquelas que a gente passa pela vida sem perceber. Que o sol brilha nas árvores. Aqui em Brasília a luz é muito forte e sempre lembro de manhã cedo, quando estou andando, 'cadê o sol dourado do País?' Aqui o sol é dourado e é muito forte essa imagem. Então dou valor ao sol dourado e dou valor a tudo", disse.
Segundo a ministra, que agradeceu aos médicos e ao apoio oferecido pela sociedade durante o tratamento, ela recebeu especial suporte do vice-presidente da República, José Alencar, que desde 1997 luta contra tumores malignos. Por esse respaldo de Alencar, a ministra se classificou como "abençoada".
"Acredito que eu tenho um exemplo de uma pessoa excepcional que estava até aqui nessa cerimônia, que é o José Alencar. O José Alencar deu um exemplo para todos nós de coragem, de determinação e de força no combate à dor e à doença e eu e o José Alencar temos contado com a solidariedade inequívoca da população. Ele por ser a figura corajosa que é, merece a minha inteira admiração e nesse processo ele foi extremamente solidário comigo. Ele me apoiou, me deu respaldo, até por ser uma pessoa mais experiente. Fui uma pessoa abençoada nesse aspecto de ter ele como um grande companheiro", disse.
Assim como o vice-presidente, que disse que a jornada de trabalho o ajuda a lidar com o tratamento, Dilma aconselhou a todas as pessoas que lutam contra cânceres a manter o ritmo de atividades profissionais. "Se você durante o tratamento puder trabalhar, é muito melhor que você faça porque você deixa de ter aquele olhar só para você mesma. Você sai de você, você pensa nos outros e é mais fácil de você tocar a vida. O que eu fiquei muito feliz é que eles disseram para mim 'você tem condições totais de agora, sem nenhum cuidado diferente de qualquer pessoa tem de ter consigo mesmo, exercer qualquer atividade que vinha exercendo antes'. Eu já exercia muitas. Fico muito feliz porque agora é algo que eu não tenho de tomar remédio, eu não tenho estado mais fragilizada um dia do que outro é interessante: eu recuperei minha energia. Acho que está na minha cara que eu recuperei minha energia", afirmou a chefe da Casa Civil.
O que é linfoma
O linfoma é uma forma de câncer que tem origem nos gânglios linfáticos, que atuam no sistema imunológico do organismo combatendo infecções (vírus, fungos e bactérias) e o próprio câncer (células tumorais). Os linfomas geralmente atacam os tecidos de órgãos como estômago ou intestino, por exemplo, e também a medula óssea e o sangue.
Existem dois tipos de linfoma: o de Hodgkin e o não-Hodgkin. Para o linfoma de Hodgkin, o tratamento mais comum é a poliquimioterapia com ou sem radioterapia. Quando há o retorno da doença, são disponíveis alternativas, dependendo da forma do tratamento inicial empregado. As opções mais utilizadas são o emprego de poliquimioterapia e do transplante de medula.
Já nos casos não-Hodgkin, a maioria dos linfomas é tratada com quimioterapia, radioterapia ou ambos. A imunoterapia pode ser incorporada ao tratamento, incluindo anticorpos monoclonais e citoquinas, isoladamente ou associados à quimioterapia.
A quimioterapia consiste na combinação de duas ou mais drogas, de acordo com o tipo de linfoma não-Hodgkin. A radioterapia é usada, em geral, para reduzir a carga tumoral em locais específicos, aliviar sintomas ou também para consolidar o tratamento quimioterápico, diminuindo as chances de recaída.
Para linfomas com maior risco de invasão do sistema nervoso (cérebro e medula espinhal), faz-se terapia preventiva, consistindo de injeção de drogas quimioterápicas diretamente no líquido cérebro-espinhal, e/ou radioterapia que envolva cérebro e medula espinhal.
Fonte: Terra