Honduras: PCdoB reafirma condenação a golpe e apoia governo Lula
Em sua 31ª. Reunião ontem (28), em São Paulo, a Comissão Política Nacional do PCdoB fez uma firme condenação ao cerco e ao ultimato lançado pelos golpistas em Honduras contra o governo brasileiro e o presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya, exilado na embaixada brasileira. Zelaya tem recebido todo o apoio do governo do Brasil com o respaldo formal do próprio Conselho de Segurança da ONU, por ocasião de Assembleia Geral da Organização.
Por Pedro de Oliveira
Publicado 29/09/2009 18:21
O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, alertou sobre a importância vital para a atual fase de desenvolvimento democrático da América Latina, uma solução positiva da crise gerada pelo golpe de Estado em Honduras. “Devemos estar atentos à política dúbia do governo dos Estados Unidos, que num primeiro momento condenou o golpe, mas que em seguida não foi conseqüente em ações concretas para a retomada da vida democrática naquele país da América Central. No quadro mais geral no continente, é preciso também levar em conta a instalação de bases militares dos EUA na Colômbia e a reativação da Quarta Frota americana”.
Renato Rabelo analisou também a nova situação na Europa onde, ao contrário do que se poderia esperar, a crise do capitalismo está ainda levando os ventos políticos para a centro-direita, apesar do crescimento tanto de setores mais à direita, quanto de setores esquerdistas. Foi o caso das eleições na Alemanha e em Portugal, neste final de semana. Cresceu a centro-direita e os socialistas perdem espaço. A esquerda não tem conseguido um crescimento imediato diante da crise e vive um processo de acumulação de forças. Renato concluiu nesta parte que “o povo tem que percorrer sua própria experiência. Esta é a experiência histórica da tática leninista. A realidade política não caminha em linha reta, mas em ziguezague”.
Conjuntura nacional
Outras questões políticas da conjuntura, especialmente a questão estratégica do pré-sal, as articulações em torno das eleições de 2010 – na defesa do fortalecimento do campo liderado por Lula – e o debate sobre a Previdência Social, foram tratadas na reunião. No caso da discussão previdenciária, será preciso buscar um acordo com o governo, considerando as exigências atuais dos trabalhadores. Como pano de fundo, Renato Rabelo destacou o papel da mídia hegemônica atualmente no Brasil. Renato afirmou neste sentido que “a direita hoje é a mídia conservadora fundamentalmente, que manipula alguns partidos, como o PSDB e o DEM, atua no sentido de combater em toda linha o governo Lula e suas políticas avançadas”.
No quadro nacional, todos os movimentos políticos levam em consideração as eleições de 2010. A oposição está enfraquecida politicamente e sem discurso. Por isso apela para uma política voltada para a moralidade pública e a questão ética. Segundo Renato, “mais uma vez deveremos observar o papel da direita e da mídia que tenta colocar os setores avançados na defensiva. Nosso campo é o protagonizado por Lula. O grande problema é como unir a grande maioria do país. A tese de que se deveria descartar a polarização plebiscitária nas eleições presidenciais não tem fundamento”.
Renato insistiu que a possibilidade de se construir um projeto nacional para o Brasil é certamente em torno de uma candidatura defendida e apoiada por Luiz Inácio Lula da Silva, numa situação em que a economia vai se desenvolvendo, retomando os empregos formais, com a perspectiva de crescimento ser positivo. Apesar da economia no mundo estar vivendo ainda em crise profunda e recessão, as análises preveem para o Brasil um crescimento de 5%, no próximo ano.
A reunião destacou durante os debates o êxito do Congresso Nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a CTB, realizado no último final de semana, em São Paulo. O Congresso reuniu cerca de 1.400 delegados de todo o país e o ato de abertura foi bastante representativo.
Antes do encontro da CTB foi realizado o Encontro Nossa América, reunindo 21 países do continente. Participaram do encontro centrais sindicais de Honduras, Cuba, El Salvador, Uruguai, Argentina entre outros, e várias delegações dos EUA, do México, Índia, Vietnã, Chipre, perfazendo 28 entidades internacionais. O Encontro deu seu apoio à Unasul, à Alba, ao Conselho de Segurança do continente. Participaram também representações da Confederação Internacional dos Sindicatos, como a CIOLS. A CTB atualmente registra representação de mais de 7 milhões de trabalhadores. Todas as outras centrais brasileiras enviaram representantes. A bandeira principal decidida no Congresso foi a realização de um Congresso Nacional das Classes Trabalhadoras no Brasil (Conclat). Foi elaborada também uma plataforma comum dos trabalhadores para 2010.
Na mesma data esteve reunida a União da Juventude Socialista, a UJS, que comemorou 25 anos de vida. “Nosso partido é uma organização em expansão”, avaliou Renato, mostrando seu enraizamento na sociedade brasileira.
Por fim, a reunião se debruçou sobre o acordo em torno da previdência social, que segundo resumiu Renato Rabelo “deve considerar a necessidade de ela ser solidária, levando-se em conta os direitos dos trabalhadores. Devemos buscar o melhor acordo em relação à Previdência no Congresso Nacional, e lutar para conseguir mais direitos para os trabalhadores”.