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Paul Krugman recomenda aumento dos gastos públicos

A declaração do presidente do Federal Reserve (Fed), de que será registrado crescimento econômico ano que vem, mas "não tão forte a ponto de limitar, consideravelmente, o percentual de desemprego", foi indicativa.

Segundo destaca o Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman, em seu artigo publicado no jornal The New York Times, "o próprio governo dos EUA aposta que ano que vem o desemprego nos EUA atingirá 9,8%, para em seguida recuar ao igualmente alto percentual de 8,6% em 2011 e melhorar um pouco, para 7,7%, em 2012".

"Anotem que até há dois anos o desemprego nos EUA oscilava em níveis inferiores a 5%. E no que diz respeito aos percentuais previstos, o governo norte-americano calcula os postos de trabalho que serão criados graças às suas medidas de tonificação da economia", diz o economista.

Krugman adverte sobre a catastróficas consequências de um prolongado desemprego sobre a vida das pessoas e sobre a própria economia. Mas invoca a propósito um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), de acordo com o qual as crises econômicas provenientes de uma crise financeira deixam, habitualmente, fortes suas marcas sobre a economia, atingindo suas perspectivas de crescimento a longo prazo.

O próprio FMI, contudo – destaca Krugman – reconhece que isso não é inevitável e destaca que, quando adotam-se consideráveis medidas de natureza fiscal de curto prazo, com aumento provisório dos gastos públicos, limitam-se consideravelmente os prejuízos de médio prazo sobre a economia.

Assim, propõe ao Governo Obama mostrar maior generosidade, fortalecendo economicamente as autoridades estaduais e subvencionando os desempregados, mas, principalmente, promover maiores gastos em obras de infra-estrutura e, naturalmente, isenções tributárias para as empresas que oferecem novos postos de trabalho.

Na política que já adotou o Governo Obama destinada à tonificação da ocupação estão incluídas medidas desse tipo, com óbvio destaque as grandes obras públicas, que exigem elevado número de mão-de-obra.

Mas, paralelamente, estão sendo concedidas ajudas diretas aos estados que encontram dificuldades para cobrir o custo do Programa de Assistência Social Medicaid, objetivando o aumento ou, pelo menos, a proteção da ocupação no setor da Saúde.

Também adotam-se programas de apoio aos desempregados, também, programas de isenção tributária e incentivos econômicos às empresas que criam novos postos de trabalho e, principalmente, às empresas que investem em programas de fontes renováveis de energia e aumentam o salário desemprego.

Desaceleração é lucro

Com base no projeto inicial do pacote de medidas para tonificação da ocupação, o estado-maior de conselheiros de Obama previa a criação de 3 até 4 milhões de novos postos de trabalho no setor industrial.

Mas os mesmos conselheiros presidenciais reconhecem que, mesmo que esta política produza os resultados planejados, simplesmente limitará apenas o galopar do desemprego. E realmente, nos últimos meses, os dados da Secretaria do Trabalho dos EUA são considerados otimistas quando, simplesmente, concluem em alguma desaceleração do ritmo com o qual aumenta o número dos norte-americanos desempregados.

Mas Bernanke não é particularmente otimista sobre as possibilidades da economia norte-americana de influenciar mais as evoluções no mercado norte-americano de trabalho. Questionado por um parlamentar da Câmara dos Representantes "se existe algo que podemos fazer para garantir a limitação do desemprego de forma mais direta", Bernanke respondeu: "Não tenho para oferecer receitas mágicas. Se as tivesse, as teria oferecido".

Mas não faltam autoridades que exigem do Governo dos EUA colocar em segundo plano o enfrentamento do desemprego. O presidente do Fed de Richmond, Jef Laker, posicionou-se a favor da elevação das taxas de juros quando a recuperação estiver estabilizada, mesmo com o desemprego oscilando perto de 10%, a fim de ser evitado o risco da inflação.

A informação é de Mary Stassinákis, no Monitor Mercantil