Roubini e Stiglitz alertam para alta da especulação
O economista Nouriel Roubini disse que os mercados financeiros poderão cair nos próximos meses, um a vez que o ritmo da retoma vai decepcionar os investidores.
“Os mercados subiram demasiado, muito cedo e muito depressa”, disse Roubini na cidade turca de Istambul, citado pela agência Bloomberg.
Publicado 06/10/2009 13:41
O professor da Universidade de Nova Iorque diz ver “o risco de uma correção [em baixa das bolsas], em particular quando os mercados compreenderem que a retoma não vai ser rápida e abrupta, mas mais demorada. Ela poderá ocorrer no quarto trimestre deste ano, ou no primeiro trimestre do ano que vem”.
Embora as bolsas norte-americanas tenham subido mais de 50% desde março e as suas congêneres europeias cerca de 48%, os avisos de Roubini estão em linha com o tom cauteloso dos responsáveis dos G-7, que alertaram que as perspectivas de crescimento “permanecem frágeis”.“A economia real mal está recuperando, mas os mercados estão disparados”, notou o economista.
Caso o crescimento não acelere rapidamente, avisou, “eventualmente os mercados vão parar de subir e descer para níveis mais justificados. Vejo um aumento crescente da diferença entre o que os mercados estão a fazer e a atividade econômica real, que está bastante fraca”.
Roubini diz que bolsas e "commodities" poderão cair nos próximos meses. Tanto as bolsas quanto as "commodities" poderão começar a desvalorizar nos próximos meses, uma vez que o ritmo da recuperação econômica poderá começar a decepcionar os investidores, segundo Roubini.
Novo motor
Já o economista Josph Stiglitz diz que os investidores estão sendo irracionalmente exuberantes. "É bastante claro que a situação continuará ficar pior", afirmou Stiglitz, justificando que o crescimento da economia este ano e no próximo ficará muito longe do necessário para que o emprego volte a crescer.
Stiglitz propôs que um imposto sobre transações financeiras seja criado para evitar o comportamento disfuncional dos mercados financeiros e ajudar a cobrir os danos que a crise causará aos pobres. "O setor financeiro contaminou a economia global com ativos 'podres' e agora precisa limpá-la", disse.
Stiglitz afirmou que o novo imposto deveria incidir sobre todo tipo de ativos e ser destinado aos países pobres, que foram as "vítimas inocentes" da crise. O prêmio Nobel lembrou que, no começo do ano, Washington aprovou "em uma hora" um pacote de estímulo econômico de US$ 700 bilhões, o equivalente ao total da ajuda externa global em uma década.
Segundo Stiglitz, essa mobilização do governo americano invalida o argumento de que não há dinheiro para o desenvolvimento. "O que alguém se pergunta é quem está precisando mais: se os países em desenvolvimento ou se os banqueiros americanos", comentou.
O Nobel de economia também disse que o novo motor do crescimento global poderia ser uma "economia verde", com investimentos em energias renováveis e negociações de emissões de carbono. Sobre o sistema financeiro americano, Stiglitz afirmou que a situação dele continua sendo "precária" e que para "a maioria" da população dos Estados Unidos a recessão não acabou.
Com agências