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Bancos Centrais jogam suas partidas de xadrez

A alta da paridade euro/dólar para 1,5, semana passada, e as previsões dos mercados elevando-a para 1,6 – provavelmente em três meses – criaram onda de pânico na Zona do Euro.

Por Laura Britt, no Monitor Mercantil

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, e o presidente do Eurogroup, Jean-Claude Junker, preferiram uma "intervenção oral", lembrando aos EUA que desejam, sim, um dólar forte e que, para isso, devem "tomar as medidas necessárias" (quem deve tomá-las?).

Também, em seguida, anunciaram que visitarão a China, em companhia do Comissário para Questões Econômicas e Comerciais da UE, Joaquin Almunia, a fim de "exercerem pressões para valorização do iuan". Decididamente, há falta seriedade e bom senso nas declarações destes senhores.

Entretanto, toda moeda tem duas faces. O "caro" euro poderá "mastigar" a competitividade da Zona do Euro e tornar os produtos e serviços europeus caros no exterior, atingindo assim duramente as exportações. Simultaneamente, "absorve" pressões inflacionárias, principalmente, em decorrência da alta de preço do petróleo que, como todos sabem, é tarifado em dólares.

Mas, existe algo mais, que se assemelha com faca de dois gumes. Enquanto o BCE insiste em manter sua taxa básica de juro em 1%, deixando o euro "caro", absorve pressões inflacionárias, mas, simultaneamente, lhe atribui a possibilidade (com a moeda forte que tem) de emprestar a logo prazo ao sistema bancário e ao mercado de um modo geral, tonificando, indiretamente, o crescimento.

Contudo, enquanto, o Federal Reserve (Fed) mantém em níveis zerados as taxas de juro do dólar, cria ambiente de valorização das demais moedas e política restritiva aos demais bancos centrais. Já o primeiro caso registrou-se com o aumento das taxas de juros pelo Banco Central da Austrália, contribuindo, simultaneamente, à alta dos preços das commodities. Se houver outros "lances" semelhantes, então o BCE perde a "vantagem" acima.

Força ou fraqueza?

E tudo isso, quando os mercados a prazo apostam em aumento das taxas norte-americanas de juros em 0,5% unidades de base nos próximos 12 meses. Aí então, talvez seja iniciada elevação das taxas de juros pelos demais bancos centrais. Aos lances dos bancos centrais atribuem-se, também, determinados "paradoxos" apresentados hoje pela valorização do dólar.

Por exemplo, alguém poderia esperar que a queda do dólar seria acompanhada pela alta dos desempenhos dos bônus norte-americanos (por causa da queda de seus preços), a exemplo de como acontecia em outros períodos de derrocada da moeda.

Mas, hoje, isto não acontece porque o Fed tem comprado elevado número de títulos, com resultado de os desempenhos permanecerem oscilando em níveis baixos. Isto, talvez, explique também o fato de não existirem volumosos fluxos de capitais estrangeiros nos EUA, apesar de o dólar barato e da redução do déficit da balança registrado.

Por seu lado, o Brasil, decidiu tomar medidas imediatas elevando a tributação sobre as compras de ações e títulos pelos investidores estrangeiros, provocando por alguns dias queda do real.

O ministro de Economia da Holanda, Walter Bosch. declarou que "o caro euro reflete a forte economia européia". No sentido contrário, a França mencionou "catástrofes", pois suas exportações estão sendo afetadas.