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Bolívia volta a acusar ingerência dos EUA

As relações entre Bolívia e os Estados Unidos vão continuar "no congelador", se persistir a atitude intervencionista e desestabilizadora de Washington, advertiu, neste domingo (22), o vice-presidente boliviano Álvaro García Linera.

O governo estadunidense "segue com uma política por debaixo do tapete. Enquanto mantiverem essa atitude de interferência, enquanto não mudem de atitude, essa saudável e soberana distância é o mínimo que podemos fazer como um país que se respeita", disse García Linera, em entrevista ao diário local La Prensa.

O vice-presidente boliviano disse que o governo Evo Morales teve uma política "de muito boa vontade ingênua", mas os EUA responderam "com outra moeda". "Eles nos responderam com outra moeda, com a moeda do sim a temas comerciais e creditícios, mas por abaixo estavam trabalhando uma estratégia política", assegurou.

As declarações do vice-presidente aconteceram num momento em que os laços entre os dois países pareciam melhorar, depois de La Paz, em setembro de 2008, ter expulsado o embaixador norte-americano Philip Goldberg, acusando-o de apoiar uma conspiração da oposição boliviana contra o governo de Evo Morales.

A situação piorou quando os agentes de antinarcóticos dos EUA também foram "convidados" a deixar o país, alguns meses mais tarde. "Enquanto eles (Washington) sustentarem a atitude que aqui têm que influenciar e apoiar uns contra os outros, e pretenderem se intrometer em questões ideológicas e culturais, não haverá boas relações", disse García Linera.

O momento político não parece favorecer uma nova aproximação com os Estados Unidos, já que na próxima terça-feira vai chegar na Bolívia o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad – considerado por Washington um rival no cenário internacional – que assinará com o país andino uma série de acordos de cooperação de mais de um bilhão de dólares.

Volta por cima

Neste contexto, o presidente Evo Morales visitou no domingo a província de Santa Cruz, com vistas às eleições presidenciais de 6 de dezembro, para as quais aparece como favorito à reeleição, com 52% das preferências eleitorais.

A bordo de um trator, Morales visitou setores marginais de Santa Cruz, capital econômica da Bolívia e considerada um bastião da oposição separatista de direita, que, junto com quatro outras províncias, no final de 2008, realizou uma série de protestos para exigir maior autonomia do governo central.

"Este tratoraço é uma mensagem que dá o governo nacional no sentido de garantir a segurança com soberania alimentar, para que nós mesmos possamos produzir nossos alimentos. E se forem orgânicos, melhor.", disse assegiurando que se reeleito trabalhará por uma leu que garanta a produção e assegure investimentos aos camponeses. "Se por fatores climáticos o companheiro produtor não puder assegurar sua produção, com esta lei se garantirá".

A declaração reflete a confiança de Evo Morales de que conseguirá conquistar a maioria parlamentar. Para isso, tem afirmado que quem optar pelo "voto cruzado", não dando preferência aos parlamentares de sua base, será declarado "traidor".

Nas eleições de dezembro, quase cinco milhões de bolivianos irão às urnas para eleger presidente e vice-presidente, bem como 166 membros da Assembléia Legislativa Plurinacional. Além disso, as regiões de La Paz, Oruro, Cochabamba, Potosí, Chuquisaca e Gran Chaco decidirão sobre sua autonomia.

Com agências

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