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Golpistas impedem ida de Zelaya ao México

O governo de fato de Honduras rechaçou, nesta quinta-feira, conceder um salvo-conduto ao presidente constitucional, Manuel Zelaya, para que ele pudesse sair da embaixada brasileira. A autorização havia sido solicitada pelo México, para onde Zelaya viajaria como "hóspede de honra". O governo golpista afirmou que o pedido "foi julgado improcedente" e que o presidente deposto só teria permissão para deixar o país na condição de asilado.

"Não estou pedindo asilo político a nenhum país do mundo. Tudo o que temos conversado sobre uma eventual saída de Honduras seria na condição de presidente de Honduras, meu mandato vence no dia 27 de janeiro de 2010", disse o presidente deposto em entrevista à rede de televisão Telesur.
Segundo ele, a saída de Honduras seria parte de "uma negociação interna"."O governo tirou um documento da manga como condição para minha saída para o México, uma condição humilhante, indigna, que me submetia a apresentar minha renúncia ao cargo de presidente", afirmou Zelaya, se negando a tomar tal atitude.

Quase ao mesmo tempo, em Tegucigalpa, o chanceler hondurenho, Carlos López, confirmou que o regime golpista não aceita que Zelaya saia do país como "hóspede de honra", mas disse que "segue aberta" a possibilidade de discutir "outras alternativas". "A embaixada do México nos apresentou um pedido de salvo-conduto, mas, lamentavelmente, este pedido não foi aprovado", afirmou Oscar Raúl Matute, ministro do Gabinete de Governo.

A negociação

Ontem, o México requisitou a Honduras um salvo-conduto para que Zelaya deixasse a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde se refugiou em setembro depois de regressar clandestinamente ao país, e seguisse até uma base aérea para embarcar à capital mexicana. Em nota, a chancelaria do México confirmou as negociações. Segundo o documento, "a intenção é obter as garantias de segurança necessárias, por meio de salvo-conduto, para que o presidente Zelaya possa deixar a proteção da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa".

Durante a madrugada, autoridades mexicanas confirmaram a partida de um avião do governo para buscar Zelaya e sua família na capital hondurenha. "Mas o fato de o avião chegar a Tegucigalpa não significa que ele vá partir", advertiu uma das fontes.

De acordo com Zelaya foram promovidas conversas com o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, e do México, Felipe Calderón, além de outros líderes da América Central e do Sul. Fernández sugeriu a saída de Zelaya do país, de acordo com o presidente.

“Interpretaram isso como um problema de asilo ou de buscar outro status político e isso é falso. Nego totalmente: não pedi asilo, não quero asilo, não aceito asilo. Sempre e quando as condições sejam as de respeitar a dignidade do presidente, eu estarei disposto a dialogar com as pessoas interessadas nesses processo de soluções democráticas”, disse.

De acordo com ele, representantes mexicanos se encontraram com figuras do regime numa tentativa de esclarecer o caráter da viagem. “Disseram que eu seria um ‘hóspede distinto’”, contou. Zelaya também afirmou que não recebeu qualquer garantia para sair da embaixada brasileira, somente “palavras”.

“Eu tenho a hospitalidade do Brasil, a quem agradeço sinceramente, tanto ao presidente Lula, ao chanceler (Celso) Amorim, ao Marco Aurelio (García) e aos representantes aqui na sede diplomática em Tegucigalpa”, afirmou, sem indicar quais seriam os próximos passos.

De acordo com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, Zelaya viajaria ao México e, de lá, seguiria até Havana, onde participaria no fim de semana da cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba).

Com agências

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