Aécio desiste e deixa o caminho livre para Serra no PSDB
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, até então postulante à vaga de candidato presidencial pelo PSDB em 2010 desistiu da disputa. Ele próprio pediu a assessores que jornalistas amigos espalhassem a notícia. Aécio deve disputar o Senado e assim deixa o caminho livre para que o governador de São Paulo, José Serra, seja novamente o candidato da direita no pleito presidencial. Serra já foi candidato em 2002, quando foi derrotado pelo presidente Lula.
Publicado 17/12/2009 16:32

Hoje, os dois governadores conversaram longamente por telefone, e foi durante esta conversa que Aécio comunicou sua decisão. Em seguida, o mineiro procurou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, para comunicar sua desistência.
Acompanhado de Guerra, do secretário-geral, deputado Rodrigo de Castro e do vice-governador Antonio Anastasia, Aécio leu uma carta em que afirma: "Deixo a partir deste momento a condição de pré-candidato do PSDB à Presidência da República, mas não abandono minhas convicções e minha disposição para colaborar com meu esforço e minha lealdade para a construção das bandeiras da Social Democracia Brasileira".
Aécio havia estipulado o início de janeiro como prazo final do anuncio de sua candidatura ao Senado mas acabou por antecipar a decisão de desistir da disputa interna que trava com o governador Serra.
Segundo um jornalista que antecipou a notícia, em nenhuma das duas ocasiões em que se falaram, Serra pediu que Aécio aceitasse ser seu vice. O mineiro mergulhará agora nas eleições estaduais para fazer com que seu vice, Antônio Anastasia, eleja-se governador.
Em dado momento da conversa de hoje, Aécio deixou claro para Serra o motivo que o levou a antecipar para meados de dezembro a desisdência formal, que estava prevista para ocorrer só no início de janeiro: “A política é a arte de administrar o tempo”, disse.
Aécio já dava sinais de desistência há uma semana, mesmo quando uma pesquisa do Instituto Vox Populi indicava intenção de voto de 35% numa hipotética chapa em que o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) seria o seu vice.
Na segunda-feira (14), o ex-ministro José Dirceu (PT) já havia antecipado em seu blog que Aécio Neves estava praticamente fora da disputa. Ele também considerou que os sucessivos escândalos envolvendo o PSDB jogam a provável candidatura de José Serra para baixo.
Abuso de poder
No mesmo dia em que anuncia sua importante decisão, Aécio tornou-se réu no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), que decidiu reabrir processo por abuso de poder econômico, político e de autoridade contra o governador.
Também são acusados na ação o ex-prefeito da capital, Fernando Pimentel (PT), o atual chefe do Executivo municipal, Marcio Lacerda (PSB), e seu vice, Roberto Carvalho (PT).
Em decisão unânime tomada na terça-feira e divulgada nesta quinta, o tribunal anulou sentença do então juiz Roberto Messano, que extinguiu, sem análise do mérito, ação proposta pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) em setembro de 2008.
O juiz havia afirmado que as acusações não estavam definidas e que os promotores responsáveis pela denúncia, "a par de fazerem imputações quase que genéricas, em evidente engano, sustentam como causa de pedir aquilo que constaria de reportagem jornalística e/ou documentos".
Com a decisão do TRE de acompanhar o voto da juíza relatora Mariza Porto e anular a sentença de Messano, o processo volta a tramitar em primeira instância. A ação pode resultar na impugnação dos mandatos de Aécio, Lacerda e Carvalho -Pimentel não ocupa cargo eletivo no momento- e na inelegibilidade dos quatro.
Na ação proposta em setembro, o MPE afirma que, durante a campanha eleitoral de 2008, foram veiculadas propagandas citando explicitamente o apoio de Aécio e Pimentel à candidatura de Lacerda à prefeitura e que o governador anunciou investimentos no Estado durante o lançamento oficial do programa de governo do atual prefeito, o que caracterizaria abuso de poder econômico.
"O anúncio do governador, de investimento no valor de 1,5 bilhão de reais em obras e programas, nos próximos dois anos, em discurso proferido diante dos demais investigados Fernando Pimentel, Roberto Carvalho e Marcio Lacerda, causa no eleitor uma expectativa altamente favorável ao candidato por ele apoiado (Lacerda)", afirmou o MPE na denúncia.
Apesar do apoio do governador, o partido de Aécio, o PSDB, não fazia parte da coligação em torno da candidatura de Lacerda, formada, entre outros, pelo PSB e PT.
"Como se vê, o político Aécio Neves da Cunha não se limitou a dar mero apoio pessoal, mas usou e abusou de seu poder como governador para prometer, em favor do candidato Marcio Lacerda, a execução de obras idealizadas pela proposta deste", diz ainda a denúncia.
A denúncia é assinada pelos promotores eleitorais Lílian Marotta, Aléssio Guimarães, Sérgio Eduardo Barbosa de Campos e Magali Albanesi Amaral.
Da redação,
com agências