Zelaya aceita asilo político na República Dominicana
O presidente legítimo de Honduras, deposto pelo golpe de Estado de 28 de Junho, Manuel Zelaya vai deixar a embaixada do Brasil no país, onde está refugiado, na próxima quarta-feira, dia 27. É a data prevista para o fim do seu mandato e para a tomada de posse do sucessor. Ele disse que voltará ao país quando existirem "juízes honestos" para julgarem o golpe de estado de que foi vítima.
Publicado 23/01/2010 18:15
Zelaya ganhou as eleições em novembro de 2005 e dois meses depois assumiu o poder para uma gestão de quatro anos, mas foi deposto pelos militares em 28 de julho de 2009 e exilado. Em 21 de setembro, ele voltou clandestinamente ao país e refugiou-se na embaixada brasileira.
"Em 27 de janeiro, deixarei o país como um cidadão comum, mediante acordo firmando na quarta-feira pelo (presidente eleito Porfirio) Lobo e (o mandatário dominicano Leonel) Fernández", disse em entrevista à Radio Globo. Ele advertiu: "regressarei ao país, quando a reconciliação nacional o permitir, para apresentar-me à justiça. Não o faço agora porque se criaria outra crise porque há juízes que são meus algozes, e como tais já me condenaram".
Ele assinalou que "por defender meus direitos durmo há quatro meses em um colchão no piso de um pequeno quarto na embaixada brasileira. Voltarei quando houver calma em meu país e existirem juízes justos e independentes".
Lobo informou que o presidente Fernández, da República Dominicana, assistirá à cerimônia de transferência de posse no estádio Nacional de Tegucigalpa e depois partirá para a embaixada brasileira para buscar Zelaya. Eles seguirão juntos para o aeroporto internacional de Toncontín, com destino a Santo Domino. O acordo prevê um salvo-conduto para que Zelaya, sua família e alguns seguidores deixem a embaixada sem a ameaça de que ele seja preso.
O mandatário será escoltado por diplomatas e ativistas de direitos humanos. "Assim faremos para evitar problemas de segurança", disse o presidente do Comitê dos Direitos Humanos, Andrés Pavón.
César Ham, ex-candidato a presidente e líder do partido de esquerda Unificação Democrática, disse à Reuters que Zelaya deve passar uma ou duas semanas na República Dominicana "e depois planeja se radicar no México, de onde vai se deslocar à Cidade da Guatemala para assistir às sessões do Parlamento Centro-Americano."
Pelo estatuto do Parlamento Centro-Americano, que tem sede na Guatemala, os ex-presidentes da região se transformam automaticamente em deputados desse organismo quando deixam seus cargos.
Busca de reconhecimento
Ao assinar o acordo com Fernández para permitir a saída de Zelaya, Lobo busca reconhecimento internacional ao seu governo, já que o Brasil e outros países latino-americanos não consideraram válida a sua eleição, por ter sido organizada pelo governo de facto.
O golpe levou vários países e organismos internacionais a cortar sua ajuda a Honduras, terceiro país mais pobre das Américas, depois do Haiti e da Nicarágua.
Apenas dois presidentes pretendem assistir à posse de Lobo -Fernández e o panamenho Ricardo Martinelli.
Com agências