ONU exige que Israel faça mais pelo processo de paz
A ONU exigiu nesta quarta-feira (27) que o Governo de Israel faça "consideravelmente mais" para deixar o clima mais confiante e, assim, permitir o reatamento do processo de paz com os palestinos.
Publicado 27/01/2010 21:35
O secretário-geral adjunto da ONU para Assuntos Políticos, Oscar Fernández Taranco, mostrou em reunião do Conselho de Segurança a preocupação do organismo com a longa estagnação do diálogo entre as partes.
"Apesar de ter adotado alguns passos, Israel deve e pode fazer consideravelmente mais para criar confiança a partir do cumprimento de suas obrigações e da manifestação de um compromisso genuíno com a negociação", disse o diplomata argentino.
Ao mesmo tempo, reiterou a preocupação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pela demolição de casas palestinas em Jerusalém Oriental para dar espaço a construções de colonos judeus.
O diplomata argentino ainda indicou que o Governo israelense respeitou em geral a promessa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de conter a ampliação de assentamentos em território ocupado.
No entanto, Taranco sublinhou que as exceções a essa política permitiram que alguns colonos seguissem adiante com projetos de construção em vários pontos da Cisjordânia.
"O secretário-geral exige às autoridades israelenses que ponham fim a atividades como a construção e a ampliação de assentamentos, a demolição de imóveis, o fechamento de instituições e a revogação dos direitos dos moradores", destacou o diplomata.
Autoridade palestina cobra fim dos assentamentos
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, afirmou também nesta quarta-feira que a entidade aceitará retomar as negociações de paz com Israel se o país suspender, mesmo que temporariamente, a construção de assentamentos.
"Israel deve cessar a construção de assentamentos por algum tempo – não disse para sempre, mas seja por alguns meses. Se o fizer, nós aceitaremos as negociações", assegurou o presidente da ANP em uma entrevista à agência oficial russa "Itar-Tass".
Abbas ressaltou que Israel deve suspender a construção de seus assentamentos nos territórios palestinos "em todos os locais", incluindo Jerusalém Oriental.
"E se depois (Israel) declarar que aceita as fronteiras de 1967, será suficiente, nós empreenderemos as negociações", ressaltou o líder palestino.
O dirigente lembrou que ANP e Israel assumiram a obrigação de cumprir com o Mapa de Caminho para resolver o conflito no Oriente Médio e apontou que "a parte palestina cumpre com seus compromissos, mas a israelense descumpre os seus".
Abbas lembrou que ele e o ex-primeiro-ministro israelense Ehud Barak conseguiram mais progressos, pois chegaram à "fase de delimitação das fronteiras" e inclusive trocaram mapas.
"O que queremos é retomar esses avanços de então, para poder tomar decisões, e esperamos que Israel aceite", disse o presidente da ANP.
Abbas deu estas declarações em Kazan, capital da república muçulmana russa da Tartária, aonde chegou hoje depois de se reunir ontem em Moscou com o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev.
Durante essa reunião, Abbas apoiou a proposta do Kremlin de realizar no mês que vem uma reunião ministerial do Quarteto para o Oriente Médio, segundo o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.
Moscou considera "necessário que os mediadores internacionais façam uma análise multilateral da situação atual e estudem o que pode ser feito de forma conjunta para retomar as negociações" entre ANP e Israel, explicou Lavrov.
Na Tartária, onde termina sua viagem à Rússia, Abbas dará amanhã uma palestra na Universidade Islâmica da Rússia e visitará a mesquita Kul Sharif, uma das maiores da Europa, e a catedral ortodoxa da Anunciação.
Fonte: EFE