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Dívida pública cai e atrai participação recorde de estrangeiro

A dívida pública federal registrou queda de R$ 40 bilhões, em termos nominais (sem correção da inflação), passando de R$ 1,497 trilhão em dezembro para R$ 1,457 bilhão em janeiro, o que equivale a uma redução de 2,65%. Já a participação de investidores estrangeiros na dívida interna brasileira em títulos atingiu 8,74% em janeiro, um recorde histórico.

Isso ocorreu mesmo em meio à piora do humor e da volatilidade nos mercados financeiros devido aos desdobramentos da crise financeira na União Européia. Em dezembro, a fatia de estrangeiros correspondia a 8,11% da dívida. Segundo o coordenador-geral da Dívida Pública, Fernando Garrido, os estrangeiros detêm R$ 114,45 bilhões, o que representa uma elevação de quase R$ 5 bilhões em relação a dezembro do ano passado.

A dívida interna em títulos fechou em janeiro em R$ 1,36 trilhão, com queda de R$ 43 bilhões (3,05%) em comparação com dezembro de 2009, apesar do pagamento de R$ 11,7 bilhões em juros. Garrido afirmou que o Tesouro mantém a expectativa de uma crescente participação dos estrangeiros. Apesar disso, os números divulgados nesta segunda-feira pelo Tesouro Nacional mostraram uma significativa piora no perfil da dívida pública.

Os títulos com taxa definida no momento da venda para o investidor (pré-fixados) perderam espaço, passando de 31,5% para 27,5% da dívida total (interna e externa). Enquanto isso, os papéis vinculados à taxa Selic, considerados de pior qualidade por terem custo variável para o Tesouro, passaram de 33,4% para 35,5%.

Garrido explicou que a maior participação de estrangeiros no estoque de títulos públicos reflete dois fatores. O primeiro, meramente estatístico, é provocado pela redução no saldo total da dívida e o segundo reflete as boas condições dos "fundamentos macroeconômicos" e a atratividade de juros elevados no País.

Como o Brasil emergiu da crise em condições melhores que a maioria dos países com os quais disputa os investidores externos, a combinação de estabilidade econômica com juros elevados estimula o apetite dos estrangeiros pelos papéis brasileiros. "Os juros são atrativos, se comparados com as condições macroeconômicas do País", afirmou. Garrido acrescentou que o Tesouro mantém a expectativa de uma crescente participação dos estrangeiros.

Tesouro

Apesar da maior presença do investidor externo, os números divulgados ontem pelo Tesouro Nacional mostraram uma significativa piora no perfil da dívida pública. Os títulos com taxa definida no momento da venda para o investidor (prefixados) perderam espaço, passando de 31,5% para 27,5% da dívida total (interna e externa).

Enquanto isso, os papéis vinculados à taxa Selic, considerados de pior qualidade, por terem custo variável para o Tesouro, passaram de 33,4% para 35,5%. Em ambos os casos, os indicadores estão fora dos limites definidos pelo Tesouro em seu Plano Anual de Financiamento (PAF). No caso dos prefixados, o Tesouro planeja ter no mínimo 31% de participação, e da Selic no máximo 34% .

Segundo Garrido, a justificativa para tal piora foi o grande volume de vencimentos de títulos prefixados em janeiro (R$ 96,1 bilhões), refletindo uma sazonalidade do período. De acordo com o coordenador, a participação de títulos atrelados à taxa Selic deve cair ao longo dos próximos meses, enquanto os papéis prefixados e atrelados a índices de preços vão ganhar espaço. "Acredito que, ao longo do ano, haverá uma reversão nesses indicadores", disse Garrido.

Em janeiro, o Tesouro compensou apenas metade dos vencimentos da dívida interna do mês, emitindo R$ 45,6 bilhões em títulos. Desse total vendido, a Caixa Econômica Federal recebeu R$ 4 bilhões, dentro do programa de capitalização aprovado em 2009. Com essas emissões, o resgate líquido de dívida interna no mês passado ficou em R$ 54,4 bilhões.

Com agências