Centrais se unem na greve do funcionalismo português
As três estruturas sindicais que representam os trabalhadores do setor público em Portugal se uniram na greve geral que teve início na madrugada desta quinta-feira e contou com uma adesão maciça dos 635 mil sindicalizados. Escolas, centros de saúde, repartições de finanças e serviços de limpeza outros serviços estão total ou parcialmente parados, segundo informações divulgadas pela Agência Lusa.
Publicado 04/03/2010 15:45
A greve foi convocada e dirigida pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP), Frente Sindical da Administração Pública (UGT) e Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado. É contra o congelamento dos salários e a antecipação da convergência entre o sistema de aposentadoria do funcionalismo com o regime geral da Previdência, o que “suprime direitos adquiridos”, segundo os sindicalistas, que também contestam medidas relacionadas com a progressão nas carreiras e o sistema de avaliação.
Arrocho salarial
Desde 1999 o funcionalismo português sofre as conseqüências do arrocho salarial e redução de direitos, impostos a pretexto de ajustar a política fiscal aos preceitos da União Europeia. Estima-se uma perda salarial acumulada de 7% nos últimos 10 anos. A crise mundial agravou a situação.
A exemplo da Grécia, Portugal é um elo frágil do imperialismo europeu e o governo social-democrata capitulou à pressão dos ministros da União Europeia e dos bancos credores para promover políticas de redução dos gastos públicos à custa da classe trabalhadora.
Pecado original
Em resposta, os trabalhadores uniram forças e decretaram a paralisação. É a primeira vez em três anos que as duas maiores centrais sindicais do país, CGTP e UGT, unificam forças. Os sindicalistas alertam que esta pode ser a primeira de muitas greves contra a política econômica do governo social-democrata de José Sócrates ao longo de 2010, mesmo porque o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) do governo prevê políticas antipopulares até 2013, ao mesmo tempo em que desvia grandes somas de recursos para socorrer bancos e empresas em dificuldade, socializando os prejuízos dos capitalistas.
“O que esperamos é que o governo pare com este ataque sistemático aos trabalhadores da administração pública como se eles fossem culpados por algum pecado original que não conseguimos visualizar”, desabafou Bettreucourt Picanço, dirigente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado.
Os sindicatos suspenderam a paralisação na região autônoma de Madeira para facilitar os esforços que estão sendo realizados para normalizar a situação da ilha após o temporal de 20 de fevereiro.
Da redação, com agências