BC mantém juro a 8,75% ao ano, ainda a maior taxa real do mundo
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 8,75%. Foram 5 votos a 3 na reunião concluída na noite desta quarta-feira (17), a quinta em que a taxa se mantém estável. Com isto, o país continua praticando os juros reais mais altos do mundo.
Publicado 17/03/2010 22:50
O resultado reflete o viés conservador da política monetária, que pouco mudou após a crise, e despertou críticas no movimento sindical, mas foi respaldada pelos representantes do patronato. O vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Nivaldo Santana, salientou que juros altos constituem “um dos principais entraves ao crescimento mais robusto da economia e, por consequência, da oferta de emprego no Brasil”.
“O mais grave”, acrescentou Santana, “não é a manutenção da taxa no patamar atual, é a sinalização do próprio Banco Central de que pretende voltar a uma trajetória de taxas ascendentes, sob o pretexto de que a retomada do crescimento pode provocar inflação acima das metas que o BC impõe artificialmente como parâmetro. Consideramos o crescimento da economia fundamental para a geração de emprego e a valorização da classe trabalhadora, mas esses objetivos estão ausentes da preocupação da atual direção do Banco Central”.
Em nota divulgada logo após o anúncio da decisão do BC (veja íntegra abaixo), a Força Sindical considerou a manutenção da taxa Selic em 8,75% uma “perversidade para com os trabalhadores. O termômetro dos tecnocratas do Banco Central tem se mostrado extremamente frio com o setor produtivo, que gera emprego e renda, mas apresenta uma temperatura muito agradável para os especuladores”.
Em contraposição, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, elogiou a decisão e disse que o “governo foi sensível ao nosso apelo e renovou as condições de crescimento. Ganham todos, em especial o Brasil”.
Em comunicado, o colegiado de diretores do BC justificou que a decisão foi tomada depois de avaliar todas as tendências de política macroeconômica e verificar que a inflação continua na trajetória da meta de 4,5%, podendo variar 2 pontos para mais ou para menos.enção e 3 votos pela elevação da taxa em 0,5 ponto percentual. Na nota, o Copom diz que “irá monitorar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião para, então, definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.”
Com a decisão, de acordo com a UPTrend Consultoria Econômica, o Brasil voltou a ter a maior taxa real de juros do mundo, na projeção para os próximos 12 meses. De acordo com a consultoria, a elevação de projeções de inflação em alguns países, aliada a diversas quedas de juros mundo afora, alterou novamente a dinâmica do ranking e recolocou Brasil o topo como o maior pagador de juros no mundo.
Leia a íntegra da nota divulgada pela Força Sindical:
Esta decisão está em descompasso com a perspectiva de um crescimento expressivo da economia brasileira. A aplicação desta política restritiva, por parte das autoridades monetárias, prejudica o início da fase de franca expansão da economia.
Devido à insensibilidade social do Banco Central, temos hoje a triste marca de sermos campeões mundiais de juros altos. Vale lembrar que a Selic funciona como uma referência para todos os sistemas de crédito do País, sendo que os bancos públicos e privados devem acompanhar o movimento da Selic, restringindo o crédito, o consumo interno e a produção.
Acreditamos que o governo precisa manter o compromisso com o desenvolvimento, com o emprego e com a geração de renda, o aumento da qualificação profissional e com taxas de juros menores. Mas, infelizmente, o Copom segue insistindo em impor um forte obstáculo ao desenvolvimento.
Da redação, com agências