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Entrega de reféns das Farc reacende necessidade de acordo de paz

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) agradeceram, nesta terça (31), ao presidente Lula e aos militares brasileiros pelo apoio no processo de libertação de reféns. "Sem eles teria sido impossível a realização dessa tarefa humanitária", dizem em nota. Após a operação, o Brasil afirmou esperar que a soltura dos prisioneiros abra "novas perspectivas" para paz. De fato, episódio traz à tona a necessidade de diálogo e de um acordo político para o fim do conflito colombiano.

"O Governo brasileiro manifesta sua expectativa que todos os reféns ainda em cativeiro sejam libertados e que este episódio abras novas perspectivas para o processo de paz entre os colombianos", expressou Brasil em uma nota oficial do Ministério das Relações Exteriores.

No texto, o Brasil lembra que, com o aval do governo colombiano e a pedido do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, participou com apoio logístico da missão que permitiu a libertação pelas Farc dos militares Josué Daniel Calvo e Pablo Emilio Moncayo. Em 2009, o Brasil participou, pela primeira vez, de uma operação, que permitiu a libertação de seis sequestrados em poder das Farc.

Na nota das Farc, divulgada através da agência de notícias Anncol, o grupo exalta também "a perícia e o profissionalismo" dos pilotos brasileiros. O comunicado assegura que, com a libertação, o caminho fica aberto para uma "imediata" troca de reféns por guerrilheiros presos. Segundo as Farc, a entrega de Moncayo e Calvo devem dar espaço ao acordo humanitário.

Para os rebeldes, essa é a única forma viável para que os prisioneiros que estão na selva sejam libertados. "As Farc (…) cumpriram a palavra do início de 2009 de libertar de maneira unilateral os prisioneiros de guerra", diz a carta. A guerrilha fez também uma chamada à comunidade internacional e ao grupo Colombianos e Colombianas pela Paz (CCP), liderado pela senadora Piedad Córdoba, para que somem esforços e cheguem a uma "troca de prisioneiros de guerra".

Piedad Córdoba atuou como intermediária na entrega de 14 reféns libertados, incluindo os dois últimos. A senadora disse à Agência EFE que a troca deve acontecer durante o governo do presidente Álvaro Uribe, ou seja, antes de 7 de agosto próximo, ao ressaltar que, caso contrário, "seria difícil". Segundo ela, essa é a única via para que os outros 22 reféns, segundo os números do Governo, recuperem a liberdade. A guerrilha fala apenas em 21 sequestrados "passíveis de troca".

Intercâmbio humanitário

A libertação unilateral dos prisioneiros da Farc reascende a discussão sobre o intercâmbio humanitário na Colômbia, com a necessidade de um novo espaço de negociação entre as partes em conflito no país. A Farc já deu diversas mostras e declarações de que está disposta a um acordo de paz. Mas, para que ele isso concretize, o governo colombiano precisa reconhecer os beligerantes como uma força política e não mais tratá-los como terroristas, impondo uma “solução” militar à questão.

Já é hora de admitir que o que ocorre na Colômbia é um conflito social e político armado, e que a tentativa de resolver a questão dos seqüestrados por meio de ações violentas não poderá jamais conduzir à paz. O governo colombiano precisa urgentemente investir no diálogo e na negociação, deixando de lado a força das armas que a “segurança democrática” do presidente Álvaro Uribe impôs ao seu país.

Da Redação, com agências