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Grécia: aprovação do pacote de arrocho gera novos protestos

O Parlamento da Grécia aprovou nesta quinta-feira um pacote de medidas de austeridade para tentar resolver a crise financeira no país, em meio a novos protestos nas ruas da capital, Atenas.

As medidas, aprovadas por 172 a 121 votos, abrem caminho para a Grécia receber um pacote de ajuda financiado por outros 15 países europeus avaliado em US$ 140 bilhões.

Por outro lado, o plano prevê ações altamente impopulares no país, como o congelamento de salários dos funcionários públicos, cortes nos fundos de pensão e o aumento de impostos.

O clima moderado dos protestos desta quinta-feira contrastam com a atmosfera explosiva das manifestações ocorridas no dia anterior, quando três pessoas morreram. As três vítimas eram funcionários de um banco atacado por coquetéis molotov em Atenas.

Um grande número de flores foi depositado diante do banco em que as duas mulheres (uma grávida) e um homem morreram. Bancários entraram em greve e realizaram uma manifestação na cidade para protestar contra as mortes.

Recado

Novos protestos ocorreram em diversas partes da Grécia nesta quinta

Segundo o correspondente da BBC em Atenas, Malcolm Brabant, "os manifestantes conseguiram dar o recado para a comunidade internacional de que a revolta social é um problema sério e que pode ameaçar a confiança no governo grego".

O primeiro-ministro do país, George Papandreou, disse que "o futuro da Grécia está em jogo". "A economia, a democracia e a coesão social estão sendo testadas", afirmou o líder grego, antes da votação, ao comentar as mortes do dia anterior.

Na quarta-feira, Papandreou havia dito que o país "chegou à beira do abismo". "É responsabilidade de todos nós não dar um passo para o precipício", disse o primeiro-ministro.
O ministro das Finanças da Grécia, George Papaconstantinou, disse nesta quinta-feira que o país está a apenas duas semanas de não conseguir honrar parte de seus compromissos – uma dívida de US$ 12,5 bilhões vence no próximo dia 19 de maio.

"Os cofres do Estado não têm este dinheiro porque hoje o país pega emprestado de outros parceiros europeus e do mercado", disse o ministro. "A única maneira do país evitar a moratória e uma suspensão dos pagamentos é conseguir dinheiro do FMI e de parceiros europeus." Tais palavras sugerem que o país não tem outra saída, mas isto não convencem o movimento sindical e a classe trabalhadora, que não aceita pagar a conta da crise criada pelos banqueiros.

Contágio

O Banco Central Europeu (ECB) se reuniria ainda nesta quinta-feira em Lisboa para discutir como impedir a propagação da crise por outros países da região.

Há temores de que Portugal, assim como a Grécia, possa ter dificuldade em pagar suas dívidas e tenha que pedir ajuda financeira de outros países da chamada zona do euro.
"Esta crise não é só sobre a Grécia. É sobre a integridade do euro como um todo", afirmou Peter Westaway, economista-chefe do setor europeu da Nomura International, em entrevista à BBC.

O objetivo do pacote de ajuda à Grécia é reduzir o orçamento do país em 30 bilhões de euros nos próximos três anos, com a meta de cortar o déficit orçamentário grego para menos de 3% do PIB até 2014. O déficit atual do país é de 13,6% do PIB.