Fase decisiva: começa amanhã a propaganda eleitoral na TV
Começa nesta terça-feira (17) a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Às terças-feiras, quintas e sábados serão veiculados os programas dos candidatos à Presidência e à Câmara dos Deputados e às segundas, quartas e sextas-feiras, a exibição será aos concorrentes na disputa pelos governos estaduais, do Distrito Federal, ao Senado, e às assembleias legislativas e do DF.
Publicado 16/08/2010 16:39
“Esse será o período de consolidação do voto. O horário eleitoral gratuito é a maior fonte de informação do eleitor e tem mais efeito sobre pessoas que não tem firmeza dos seus votos”, avalia o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto.
Ao todo, serão veiculados dois blocos de 50 minutos, de segunda a sábado (às 7h e às 12h no rádio e às 13h e às 20h30 na televisão – horário de Brasília), segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entre os três principais candidatos da Presidência, a candidata Dilma Rousseff (PT) é a que tem maior tempo de exposição nos programas, com dez minutos e 38 segundos. José Serra, do PSDB, terá sete minutos e 18 segundos para expor suas propostas e Marina Silva, do Partido Verde, um minuto e 23 segundos.
Leonardo Barreto acredita que os programas eleitorais deste ano repetirão a estratégica clássica do candidato que começa na frente nas pesquisas, no caso Dilma Rousseff, de adotar uma postura de falar de si e de seu programa de governo. “Quem vem atrás não tem o que fazer a não ser tentar mostrar os aspectos negativos [de quem lidera as pesquisas] e tentar virar o jogo”, completou.
Para ele, a primeira semana de exposição na TV e as pesquisas eleitorais com o resultado da estratégia adotada pelos marqueteiros das respectivas campanhas vão consolidar essa tendência. “Se os resultados atuais se mantiverem como estão aí, não tem outra alternativa para quem está atrás [a não ser o ataque]”, acrescentou.
O professor Paulo Kramer, também cientista político da UnB, afirmou que os programas de rádio e televisão serão “a última esperança” dos candidatos que chegam atrás nas pesquisas de intenção de voto. Para ele, existe um grande contingente de eleitores que podem mudar os votos, mas não se tem a dimensão do poder dos programas como fator de consolidação dessas mudanças.
Esse processo de mudança, para ele, torna-se mais difícil nas eleições de 2010 uma vez que “a economia está bem e os eleitores satisfeitos”. Para modificar a atual tendência de votos registradas nas últimas pesquisas de diferentes institutos, Kramer ressalta que seriam necessários fatos “emoldurados em uma perspectiva nova e com credibilidade”.
Neste último caso, o professor lembrou a campanha ao governo de Goiás, em 1998, quando o então candidato do PSDB, Marconi Perillo, tinha menos de 5% das intenções de voto a maioria a favor do peemedebista Íris Rezende. O tucano contratou o ator Pedro Bismarck, para personificar o seu principal personagem Nerso da Capitinga para desqualificar Íris. “Ali foi uma moldura pesada, uma maneira cruel de emoldurar o adversário que pegou”, destacou Paulo Kramer.
Além dos programas em bloco, serão veiculadas inserções de até 60 segundos que totalizarão 30 minutos diários – seis para cada cargo. Essas inserções serão veiculadas de segunda a domingo.
Confira o tempo da propaganda gratuita para cada cargo eletivo no rádio e na TV
Cargo Dia da semana Duração
Governador Segundas, quartas e sextas 36'
Deputado estadual/distrital Segundas, quartas e sextas 34'
Senador Segundas, quartas e sextas 30'
Presidente Terças, quintas e sábados 50'
Deputado federal Terças, quintas e sábados 50'
*O tempo será dividido em dois blocos no rádio (às 7h e ao meio-dia) e na televisão (às 13 horas e às 20h30).
Para consultoria, TV não muda favoritismo
Para a empresa de consultoria política Arko Adice, TV e rádio não mudam favoritismo de candidatos. "Analisando as quatro eleições presidenciais anteriores (1994, 1998, 2002 e 2006), mesmo considerando as peculiaridades inerentes a cada uma, constata-se que depender apenas da campanha no rádio e na TV não é suficiente para a vitória", diz nota da empresa.
Em agosto de 1994, segundo o Ibope (17 a 22), FHC tinha 40% de intenções de voto para presidente. Lula tinha 25%. Pelo Datafolha (16 a 18), FHC tinha 41% e Lula, 24%. Ao final de setembro e início de outubro, o Ibope registrava que FHC estava com 46% e Lula com 22%. O Datafolha mostrava FHC com 48% e Lula com 22%.
Brizola, Orestes Quércia e Esperidião Amin também variaram muito pouco. Tinham, em agosto, 5%, 5% e 2%, respectivamente, de acordo com o Datafolha. Chegaram em setembro com 4%, 5% e 2%, respectivamente.
Ou seja, a propaganda eleitoral acabou favorecendo quem já estava na frente.
Em agosto de 1998, pesquisa do Ibope (14 a 18) trazia FHC com 44% das intenções de voto, contra 21% de Lula. Pelo Datafolha (12 a 14), FHC tinha 42% e Lula, 26%. No final de setembro, FHC atingiu 47% e Lula, 24%, conforme o Ibope (24 a 27). O Datafolha de 2 de outubro registrou FHC com 49% e Lula com 26%. Ciro, segundo o Ibope, começou com 5% em agosto e terminou com 9% em setembro.
Em 2002, houve uma mudança radical. Mas entre o segundo e o terceiro colocados. Lula, que segundo o Ibope (17 a 19 de agosto) contava com 35%, terminou com 43% (28 a 30 de setembro). Ciro Gomes tinha 26% e terminou com 11%, e Serra, de 11% originais, subiu para 19%.
Por fim, em agosto de 2006, Lula aparecia no Ibope (15 a 17) com 47% das intenções de voto contra 21% de Geraldo Alckmin (PSDB). No Datafolha (7 e 8 de agosto), Lula tinha 47% e Alckmin, 24%. No primeiro turno, Lula teve 48,61% dos votos válidos e Alckmin, 41,64%. No segundo turno, Lula foi reeleito com 60,83% dos votos válidos.
Em 2010, Dilma Rousseff (PT) conseguiu seu principal objetivo. Começar a campanha no rádio e na TV na frente de José Serra (PSDB). Pela média das pesquisas, tem hoje 40,53% das intenções de voto contra 32,86% de José Serra.
Com informações do TSE